É durante o verão que a busca pelo bronze perfeito acontece, seja ao natural, sob o sol, ou através de métodos de bronzeamento artificial, como autobronzeadores.
Embora seja visto como sinônimo de saúde, o bronzeado nada mais é do que a reação da pele para se proteger de uma agressão: os raios ultravioleta. Por isso, há quem se engane ao acreditar que o bronzeamento natural é totalmente saudável mesmo com o uso de protetor solar.
Segundo a dermatologista Lara Tusset, se há o bronzeado, há um estímulo de produção da melanina, o que significa que a pele está tentando se proteger dos danos causados pelas radiações ultravioletas.
— O protetor solar acaba dando uma filtrada na radiação ultravioleta, mas o bronzeado nunca é natural, nunca é saudável — explica.
A exposição ao sol também é importante para a produção da vitamina D. Em níveis mais baixos, facilita a queda de cabelo e deixa as unhas mais fracas, por exemplo.
Segundo Lara, dermatologistas têm optado pela uso oral do suplemento pois, para atingir bons níveis de vitamina D apenas com a exposição solar, são necessários cerca de 20 minutos diários.
— É um tempo que, para a pele, seria muito prejudicial. Esses 20 minutos teriam que ser de um sol mais forte, como o do meio-dia, por exemplo — disse.
O horário entre as 10h e 16h é o mais nocivo para a pele, afirma a dermatologista. Isso porque é durante este período que a radiação ultravioleta B, responsável pelas queimaduras e câncer de pele, está mais ativa. Já a radiação ultravioleta A, responsável pelo envelhecimento da pele, está presente 24h por dia.
— O horário mais seguro seria antes das 10h e depois das 16h, mas, mesmo assim, se for uma exposição muito repetida segue sendo prejudicial, mesmo evitando esse horário — pontua.
Autobronzeador garante cor ideal sem riscos
O único bronzeado considerado saudável pela dermatologista é o autobronzeador. Ela explica que o creme reage com a queratina e as proteínas das células da epiderme, gerando a produção de um pigmento que impregna na última camada da pele e, depois de uns cincos ou seis dias, pode escamar e sair sem danos à saúde.
— Os autobronzeadores têm no máximo uma semana de durabilidade, por conta da profundidade do pigmento. Claro que se a pessoa tem uma pele muito sensível é preciso cuidar para o produto não causar nenhuma alergia, mas a princípio não faz mal para a pele, não é tóxico — explica a especialista.
Esse é o único bronzeamento artificial indicado pelos profissionais da saúde. Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso e a comercialização de câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos. O motivo: as lâmpadas ultravioleta (UV) das câmaras de bronzeamento artificial causam câncer em humanos.
— Há bastante risco de câncer de pele nesses casos, porque a radiação é concentrada, por isso bronzeia rápido e fácil. Esse bronzeamento nas cabines é muito mais prejudicial — esclarece a médica dermatologista.
Qual é o fator de proteção solar mínimo indicado pelos dermatologistas?
Na teoria, o número mínimo aceitável de Escurecimento Pigmentar Persistente (PPD), do termo em inglês Persistent Pigment Darkening, é 10, o que equivale a um protetor solar com FPS 30. O PPD é responsável por medir a incidência de proteção da radiação ultravioleta A na pele.
A dermatologista explica que é comum as pessoas pensarem que o número no frasco do protetor solar significa a quantidade de filtração que ele passa, mas a verdade não é bem essa.
— Vamos pegar o exemplo de um protetor com fator 50 e um com 99. O protetor com 50 vai filtrar em torno de 95% da radiação, enquanto que o 99 vai filtrar 98%. É pouca diferença de filtração da radiação. Então não é como se fosse 50% para 99% de proteção. Todos vão filtrar acima de 90% da radiação. O que muda é o tempo que eles duram na pele, em teoria. Se o fator é 30, significa que em um determinado teste, a pele levou 30 vezes mais tempo para ficar vermelha do que uma pele sem a proteção — disse.
Na prática, a recomendação é clara: o protetor solar deve ser reaplicado dentro de duas ou três horas. Por ser um creme, o produto pode sair através das transpiração ou após o corpo ser molhado em piscinas ou no mar, por exemplo.