
Até o final de março, a Corsan/Aegea deve instalar 16 novos poços artesianos em Passo Fundo (confira abaixo). O volume de obras corresponde ao número de poços previstos para serem instalados em dois anos — uma tentativa de amenizar as consecutivas falhas na rede da cidade.
A empresa responsável pelo serviço começou a instalação em 5 de março e cinco novos poços já estão funcionando. Eles ficam nos bairros Industrial, Cohab, São José e dois no Zacchia.
Outros quatro são perfurados nos bairros Fátima, Petrópolis, Farroupilha e um segundo no São José, que deve receber quatro poços até o final das instalações.
Geólogos da companhia também estudam a possibilidade de instalar sete poços artesianos nos bairros Xangri-lá, Planaltina, São Luiz Gonzaga, Vila Matos, Leonardo Ilha e outros dois pontos do São José.
Conforme o gerente de operações da Corsan/Aegea, Henrique Mendes, a estratégia é realizar as perfurações nas extremidades da cidade. O motivo: as três estações de tratamento que abastecem o município são relativamente "centrais": duas ficam na Vila Rodrigues e uma no São Luiz Gonzaga.
— Dessa forma, a água que sai da estação, passa pelos tubos e é distribuída nas casas demora muito para chegar. Então o sentido de colocar os poços na extremidade é para que a água possa vir ao contrário também — explica.
Bairros passam a receber água só dos poços artesianos
Outra opção encontrada pela Corsan/Aegea para contornar a falta de água na cidade foi isolar algumas áreas, como os bairros Zacchia e São José, que devem passar a ter apenas a vazão dos seus poços artesianos perfurados.
— Esses dois pontos, por exemplo, estão nas extremidades da cidade e demora para a água chegar lá quando há rompimento da adutora, por exemplo. Quando tiramos eles (os bairros) do setor, e abastecemos com os poços, acaba sobrando mais água para outras regiões da cidade — afirma.
Mas nem todos os pontos da cidade poderão receber água exclusivamente dos seus poços artesianos. A Vila Mattos, que também está em uma das extremidades de Passo Fundo, é um dos exemplos pelo fato de ser um local de baixa assertividade nos poços.

— Tem risco de perfurar e não ter água. Por enquanto, todos os poços que perfuramos ou que estamos perfurando conseguimos uma vasão significativa e considerável. Cada perfuração dessas a gente tem um investimento de cerca de meio milhão de reais, então precisamos ser assertivos nos critérios técnicos — disse o técnico da Corsan.
Conforme a empresa, mais de 30 mil pessoas devem ser beneficiadas com as ações. No total, a concessionária estima mais de 250 milhões de litros por hora de incremento de água com a instalação dos poços. Os estudos geográficos das perfurações que ainda faltam devem ser concluídos nesta sexta-feira (14).
Como deve funcionar a distribuição de água através dos poços artesianos
Hoje a água captada das barragens Fazenda e Arroio Miranda, que abastecem o município, segue para as estações de tratamento passando pelas tubulações e reservatórios, até chegar às casas da população.
Com o novo sistema, a água captada diretamente do solo é tratada no próprio poço e segue para um reservatório antes de chegar nas residências, explica Henrique.
— Se o poço está perto de um reservatório da Corsan, a água segue para lá antes das casas. No bairro Zacchia, por exemplo, não está perto de nenhum reservatório, então a água vai direto para o tubo que leva para as casas — disse.
Nesses casos, a Corsan informou que faz testes de qualidade da água e expurgos para limpeza para garantir a qualidade da água, já que não passa por uma estação de tratamento.
Três empresas trabalham no serviço de perfuração dos locais selecionados. Os poços podem chegar a 150m e 300m de profundidade. Em regime de urgência, um poço artesiano pode ser instalado dentro de cinco ou seis dias. Normalmente, o serviço leva em torno de 20 dias para ser concluído.