Uma portaria publicada no Diário Oficial de Passo Fundo em 11 de fevereiro determinou a criação de uma comissão especial de estudos para discutir o destino do camelódromo, popular camelô da Praça Tochetto, no centro de Passo Fundo.
De acordo com a portaria, a prorrogação de uso do espaço, que é público, encerrou em outubro de 2020. Por esse motivo, o local deve passar por um novo processo de licitação no futuro. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Adolfo de Freitas, a criação do grupo de trabalho é o primeiro passo.
— A comissão tem vários atores e secretarias, tudo será analisado no local, se vamos continuar naquele formato, se terá reforma, para embasar uma futura licitação. Essa é uma discussão que precisa ser feita porque o momento histórico é outro e a destinação precisa ser analisada — pontua.
A comissão tem 60 dias para apresentar o relatório final dos trabalhos, com indicações de possíveis soluções para o espaço. O prazo encerra em meados de abril.
O Ministério Público também acompanha o caso e um expediente aberto pelo órgão foi um dos fatores que motivou a criação da comissão. Segundo o promotor responsável, Cristiano Ledur, o MP pede que o município faça a regularização da área.
— Instauramos o expediente em 2023 para provocar o município a buscar uma solução. Estivemos no local, ouvimos as pessoas e constatamos a precariedade do espaço e dos contratos. Esperamos uma resolução para 2025 — afirma.
Quase 30 anos de história
O camelódromo completa 29 anos em 2025 e a demanda por reformas e readequação do espaço já é antiga entre os proprietários das bancas. Pedrinha Aloísa Xavier, 47, trabalha no local desde a inauguração e conta que o lugar está precário há pelo menos 10 anos.
— Queremos um espaço mais amplo para que nossos clientes se sintam bem e nós também como trabalhadores, além de um retorno financeiro melhor. Temos esperança que venha uma mudança boa, porque pagamos nosso alvará bem certinho, mas o espaço está precário e faz muito calor também — relata.
Com a pandemia e o aumento das vendas online, o camelódromo registrou queda de 70% no movimento. Apesar da retomada parcial, a circulação de clientes já não é como antigamente, quando o local tinha procura intensa, principalmente em datas comerciais.
A gama de produtos vendidos no camelô é diversa, como equipamentos eletrônicos, brinquedos, roupas, bonés, acessórios, materiais escolares entre outros produtos. Repaginar a estrutura e tornar o ambiente mais atrativo é uma das soluções, na opinião dos lojistas.
— A principal demanda seria uma reforma para melhorar a estética, atrair mais gente. Mas a gente sabe que o problema também tem a ver com o poder aquisitivo das pessoas, com a economia. A maioria vai priorizar comprar coisas de maior necessidade e a gente sente o impacto disso — diz João Valdevir Campos, 66, proprietário de uma das bancas há uma década.