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Pelo menos oito bairros de Passo Fundo, no norte do Estado, estão sem água ou com oscilações de pressão desde o final da tarde de sexta-feira (21).
O abastecimento ficou comprometido depois que bombas apresentaram falhas elétricas na captação de água da Barragem da Fazenda, além da estação de tratamento São Luiz Gonzaga, como afirma o superintendente da Corsan, Aldomir Santi.
— Ambos problemas foram resolvidos. Só que, apesar de termos trabalhado com toda a vasão possível, ainda não conseguimos recuperar por causa do alto consumo de água no início da manhã, em razão do calor. O sistema ainda está se recuperando, então, por isso, alguns locais ainda não estão sendo abastecidos. O consumo está sendo maior do que a produção — explica.
Conforme Santi, o abastecimento deve ser normalizado até o final do dia, com a volta da água em diferentes horários em cada bairro.
— Em alguns pode ser que já voltou, outros será às 17h, às 20h, é gradativo — disse.
Entre os bairros afetados estão São José, Leonardo Ilha, Loteamento Coronel Massot, Parque Farroupilha e Loteamento Canaã.
Moradora do Loteamento Canaã, Adriane Schorn afirma que teve que comprar cem litros de água para conseguir suprir a demanda da casa onde vive com a família de três filhos.
— Nem para tomar água temos e tivemos que comprar para pelo menos beber e fazer comida. Pagamos caro por essa água. E ainda não temos água nos banheiros. Estamos tendo que tomar banho de caneco ou passar lenços umedecidos. É triste, mas é a realidade — conta.
No bairro Leonardo Ilha, a situação é a mesma. A cozinheira Teresa Ribeiro relata que é a primeira vez que ficou tanto tempo sem acesso à água.
— Tenho louça na pia, roupa acumulada. Trabalho em uma pizzaria até meia-noite e não consigo tomar banho para ir trabalhar e nem quando volto. Está horrível — disse.
Pedido de ajuda
Prestes a completar 24 horas sem o abastecimento de água em algumas regiões, os presidentes dos bairros afetados decidiram solicitar o auxílio de um caminhão-pipa à Corsan para tentar amenizar a situação.
— Estamos recebendo muitas reclamações. Muitos trabalhadores de trabalho braçal tiveram que ir dormir sem tomar banho e ir trabalhar hoje na mesma situação. Outras pessoas estão reclamando que precisaram pedir comida pronta por não conseguir cozinhar, tirando dinheiro de outras contas para conseguir preparar as refeições da família. Outras não tem condições de comprar água no mercado — relata Flávia Jacqueline Chaves, presidente do Loteamento Canaã.
Silvio França, presidente do bairro São José, precisou doar água do próprio reservatório para ajudar a população.
— Estou com a população na porta da minha casa pedindo água. Dei baldes e baldes de água da minha caixa d'água. Estamos em um calor de 40ºC e não sabemos o que fazer. Eu tinha um dinheiro em caixa e tive que comprar para o pessoal poder beber. Como que vou negar água para alguém tomar? — conta.