
A partida entre Guarany e Atlântico, válida pela semifinal do Gauchão de Futsal 2024, tomou um novo rumo no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Na noite de 30 de novembro do ano passado, o jogo foi paralisado após o goleiro João Paulo, do time de Erechim, relatar ter sido chamado de "macaco" por um torcedor adversário.
Após julgamento de uma hora e meia, na noite desta quinta-feira (27), ficou definido que a partida terá continuidade em uma quadra neutra, não mais no Ginásio Módulo Esportivo, em Espumoso. A Liga Gaúcha deve definir nos próximos dias a data e o ginásio do duelo.
Ainda, o Guarany foi condenado a perda de dois mandos de quadra e a pagar uma multa de R$ 15 mil. Esse valor será utilizado pela Liga Gaúcha de Futsal (LGF) para atividades educacionais de combate ao racismo e a discriminação.
Segundo o advogado do Atlântico, Eduardo Vargas, essa é a decisão definitiva, visto que não há oportunidade de um novo recurso.
Como fica a continuidade da partida?
A partida terá continuidade a partir dos 4min10s do primeiro tempo da prorrogação, quando foi interrompida pela denúncia. Na ocasião, o placar estava 1 a 1. Alvo das ofensas racistas, o goleiro João Paulo não disputará o restante da partida, visto que não renovou com o Atlântico e atualmente está no Umuarama, do Paraná.
Atletas que chegaram aos clubes em 2025 terão autorização para atuar.
Relembre o caso
Guarany e Atlântico se enfrentavam pelo jogo de volta da semifinal, no Ginásio Módulo Esportivo, em Espumoso, no dia 30 de novembro de 2024. O Atlântico venceu no tempo normal por 4 a 1 e forçou a prorrogação.
No tempo extra, o placar estava 1 a 1. Até que, faltando 50 segundos para o fim do primeiro tempo, o jogo foi interrompido. Um torcedor do Guarany chamou o goleiro João Paulo, do Atlântico, de "macaco".
Jogadores e comissão técnica do Galo teriam identificado o agressor e alegaram que a segurança do ginásio nada fez para o deter. O time de Erechim resolveu abandonar a quadra antes do fim da partida.
O caso gerou uma grande repercussão. Após a partida, o técnico do Atlântico, Paulinho Sananduva, revelou que alguns atletas estavam chorando no vestiário. O goleiro João Paulo também ficou bastante abalado e registrou boletim de ocorrência ao sair do ginásio.
O torcedor foi identificado e a Polícia Civil abriu investigação sobre o caso. Ele foi denunciado por injúria racial, podendo pegar prisão de dois a cinco anos de prisão.
O caso foi parar no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). Em primeira instância, o órgão decidiu punir o Atlântico por ter abandonado a partida com a perda de três pontos e, consequentemente, a eliminação.
Com isso, o Guarany ficaria com a vaga, mas teria a perda do mando de quadra de dois jogos, além de multa de R$ 10 mil. O torcedor que ofendeu o goleiro João Paulo, foi proibido de frequentar ginásios por 720 dias.
Os dois clubes recorreram da decisão. O Galo foi contra a eliminação, enquanto o time de Espumoso tentava reverter a perda do mando de quadra.
No dia 11 de dezembro, o Pleno do TJD julgou os recursos e absolveu o Atlântico por abonar a partida. Ainda aumentou a multa do Guarany para R$ 20 mil e optou por dar seguimento ao jogo no Ginásio Módulo Esportivo, a partir dos últimos segundos do primeiro tempo da prorrogação, com portões fechados.
Insatisfeitos com a decisão, os clubes voltaram a recorrer. Porém, com a chegada do fim do ano, não havia mais tempo hábil para realizar os jogos, nem mesmo as finais.