Um estudo com cem propriedades rurais de Passo Fundo aponta para o predomínio da agricultura familiar na cidade. Das entrevistadas, 90% têm menos de 130 hectares e área útil de 90 hectares.
Os dados computados pelo Sebrae e prefeitura de Passo Fundo foram apresentados na tarde desta segunda-feira (9). As informações foram coletadas com o objetivo fornecer subsídios para elaborar políticas públicas ao setor.
O diagnóstico das propriedades foi realizado através da ferramenta SAFA Smallholders App (Avaliação de Sustentabilidade de Sistemas Agropecuários e Alimentares).
Desenvolvida pela FAO (Organização Mundial das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a metodologia é reconhecida internacionalmente e avalia a sustentabilidade das propriedades rurais através de quatro dimensões (boa governança, integridade ambiental, bem-estar social e resiliência econômica) e 21 áreas temáticas.
— A ferramenta faz um raio X da propriedade. Passo Fundo conta com cerca de 900 propriedades atualmente, e essas cem foram escolhidas por amostragem. Não conseguiríamos fazer em todas porque é um investimento alto. Esse movimento nos traz muita oportunidade de desenvolvimento rural — explica o gerente de projetos do Sebrae Norte, Thales da Rocha Flores.
Dentro do escopo de localidades escolhidas estão propriedades de pequeno, médio e grande porte. As atividades são variadas: produção de grãos, olericultura, pecuária de leite e de corte, avicultura, fruticultura, entre outros.
O que mostram os dados
Entre as cem entrevistadas, 35% não têm uma visão orientadora clara sobre valores e objetivos para o planejamento e gerenciamento das atividades. Também há baixa adesão dos produtores ao registro de informação sobre os processos de produção.
A atividade com mais engajamento dentro das 100 propriedades analisadas é a produção de grãos (quase 70%), seguida da olericultura (hortaliças), com quase 30%. Grande parte das localidades também só tem um tipo de atividade rural.
Em um contexto geral, 77 propriedades foram classificadas com um bom nível de sustentabilidade, 15 em um nível ótimo e 8 em um nível moderado.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, Enílson Gonçalves, os dados também devem ser utilizados pelas secretarias de Desenvolvimento e Inovação.
— São informações que trazem a fotografia e a realidade do nosso agricultor, e que são importantes não só para o município, mas também para o produtor. Esse mapa vai nos dizer quais são as características da nossa agricultura no geral. Todas essas informações poderão ser tornar políticas públicas futuramente que ajustarão falhas — disse.
Metodologia
As propriedades entrevistadas foram selecionadas aleatoriamente. A pesquisa começou ainda em agosto e foi dividida em duas etapas:
- Na primeira, foram realizadas visitas técnicas e entrevistas com produtores para a coleta das informações
- na segunda, houve a análise dos dados, que gerou o relatório apresentado na tarde desta segunda-feira (9) na Secretaria de Meio Ambiente do município.
Além de receber o relatório, cada propriedade também recebe um certificado com a pontuação escolhida diante do nível de sustentabilidade encontrado pelos pesquisadores nos locais.
Este último, foi entregue aos produtores durante a Feira Regional de Inovação, Tecnologia, Negócios e Conteúdo (Feitech).