Por Rafael Goulart Machado e Oriberto Adami, engenheiros agrônomos na Emater/RS-Ascar
O manejo conservacionista do solo esteve historicamente associado à qualidade ambiental e sustentabilidade dos empreendimentos agropecuários. No Planalto gaúcho predominam solos profundos e argilosos das classes dos Latossolos e Nitossolos, os quais naturalmente apresentam boa infiltração de água, propiciando reserva adequada para períodos de escassez.
Por outro lado, a compactação decorrente do tráfego intenso de máquinas pesadas em lavouras e da alta lotação animal em áreas de pastejo, ocasionam a compactação do solo, favorecendo o escoamento superficial das águas, em detrimento da infiltração e armazenagem no solo.
Para isso, o uso de plantas de coberturas favorece a construção e a manutenção dos poros do solo, sobretudo quando se utiliza gramíneas de verão, como por exemplo o milho, o sorgo, o milheto e o capim Sudão.
A presença de raízes profundas e fasciculadas contribui para a construção e manutenção de bioporos no solo, os quais são produzidos e mantidos pela presença de raízes.
Além do uso de gramíneas solteiras, têm surgido no mercado alternativas conhecidas como mix, ou consórcios de plantas de cobertura, os quais agregam plantas de outras famílias. Estas plantas prestam serviços ambientais, como a descompactação do solo no caso do nabo forrageiro e a fixação biológica de nitrogênio por leguminosas como a ervilhaca.
Mediante identificação da compactação do solo, uma prática que acelera a quebra de camadas compactadas é a escarificação, a qual deve anteceder o uso de plantas de cobertura, favorecendo assim a construção dos bioporos.
A referida prática deve ser orientada e supervisionado por um profissional da área, com atenção especial para o diagnóstico correto da existência e profundidade da camada compactada, bem como o espaçamento adequado entre as hastes do equipamento escarificador.
Práticas possibilitam a sustentabilidade de sistemas agrícolas
O uso adequado da rotação de culturas com alto aporte de palhas e construção da adequada porosidade do solo, constitui práticas que podem ser potencializadas pela construção de terraços agrícolas.
Quando corretamente demarcados e utilizados como práticas complementares de conservação do solo, irão qualificar o sistema de plantio direto, favorecendo a infiltração da água no solo, ou ainda direcionando-a a canais escoadouros para dar destino adequado aos excessos de água que venham a escoar superficialmente.
Parâmetros como a medição da densidade do solo, infiltração da água, resistência do solo à penetração, além da abertura de pequenas trincheiras para diagnóstico da compactação, servem como importantes indicadores que auxiliam os agricultores nas tomadas de decisão quanto às práticas conservacionistas a adotar.
Estes dados devem ser coletados e interpretados por técnicos qualificados, os quais auxiliarão os agricultores a mensurar níveis de compactação, bem como a necessidade ou não de práticas mecânicas complementares.
A implantação de práticas integradas de conservação do solo favorece a sustentabilidade de sistemas agrícolas, promovendo melhor aproveitamento dos recursos naturais água e solo, tornando os sistemas de produção mais sustentáveis e trazendo mais estabilidade produtiva e rentabilidade aos nossos agricultores.
Rafael Goulart Machado é engenheiro agrônomo e extendionista rural da Emater/RS-Ascar em Coxilha. Entre em contato através do e-mail rgmachado@emater.tche.br.
Oriberto Adami é engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar regional de Passo Fundo. Entre em contato através do e-mail oadami@emater.tche.br.