
Com a chegada do mês de abril, a colheita do pinhão teve início e, com isso, já possível encontrá-lo em mercados e fruteiras de Passo Fundo, no norte gaúcho.
Na região, a produção do pinhão precoce — o primeiro a ser colhido — deve ter uma redução de 40% em relação a anos anteriores, segundo estimativa da Emater. A queda é atribuída à falta de chuvas no verão, época de maturação, o que impactou diretamente o desenvolvimento das pinhas.
De acordo com o gerente adjunto da Emater Regional de Passo Fundo, Idenir José Deggerone, já é possível observar prejuízos.
— Há registro de problema de maturação, porque viemos de uma estiagem. O que se observa são pinhões menores, menos pinhões por pinha, e inclusive o abortamento de pinhas.
A tendência, segundo ele, é de que, com a retomada das chuvas, a safra termine de forma mais equilibrada. Em todo o Estado, a Emater projeta uma produção de 860 toneladas. Caso se confirme, será um volume 16% menor na relação com o ano passado.
A maior parte da produção está concentrada na Serra Gaúcha, Hortênsias e Campos de Cima da Serra, que devem colher mais de 600 toneladas. No Planalto — região de Passo Fundo — a estimativa é de 110 toneladas, enquanto as regiões Centro Serra e Serra do Botucaraí devem somar aproximadamente 150 toneladas.
Mais procura, maior o preço
O valor inicial pode variar de R$ 13 a R$ 15 o quilo. Até o fim do mês de abril, o preço ainda deve oscilar, segundo Leandro Luiz Cara, proprietário de uma fruteira em Passo Fundo.
— A procura está boa. Mas a partir do momento que começa a esfriar, aumentam mais as vendas. E se aumentar o frio, consequentemente vai aumentar o preço — relatou.

Ameaça de extinção
Os fatores climáticos dos últimos anos no Estado, como chuvas e temperaturas fora do normal, reduziram a produtividade do pinhão. Mas a preocupação é também com o desaparecimento da araucária, alvo de crimes ambientais. A árvore nativa que dá origem à semente, está ameaçada de extinção.
A espécie é protegida por lei, e seu corte sem autorização é considerado crime ambiental. Por isso, a colheita, o transporte, a comercialização e o armazenamento do pinhão no Estado só é permitido a partir 1º de abril.
Segundo o 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar (BABM), em 2024 foram registradas supressões ilegais em cerca de 1,2 mil hectares na área atendida pela corporação no norte gaúcho, com apreensão de aproximadamente 250 mil metros cúbicos de madeira — parte desse volume, de araucárias.