Por Paulo Pimenta, deputado federal (PT-RS) e ex-ministro da Reconstrução
Em 2006, o diretor Davis Guggenheim fez um documentário sobre o ativismo do ex-vice-presidente americano Al Gore, que cumpria um papel de esclarecimentos sobre os desafios frente aos riscos gerados pelas mudanças climáticas. O título do documentário e deste breve artigo sintetiza, um pouco, o sentimento de incômodo que nos toma quando somos confrontados com os dados científicos sobre as mudanças do clima e o quanto essas mudanças podem interferir em nossa vida futura.
O ônus da defesa do planeta precisa ser financiado por quem mais tem riqueza e poder
No Rio Grande do Sul, essa situação passou a ser mais real do que nunca. Em 2023 e 2024 fomos impactados por desastres ambientais que prejudicaram fortemente o Estado. As enchentes, entretanto, não são os únicos efeitos com potencial devastador. Sofremos com secas há bastante tempo, com prejuízos para as lavouras e para a economia do Estado e das famílias.
Quando estivemos no Ministério da Reconstrução, nossa função foi a de apoiar a reconstrução e amparar aqueles que haviam perdido tudo ou quase tudo. Mas pensamos, também, em deixar um legado de reflexão sobre esta nova era, o que foi realizado através de uma cooperação com a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP), que se disponibilizou a utilizar uma doação da Open Society Foundations (OSF) para financiar um projeto de incentivo a pesquisas que estavam sendo desenvolvidas nas universidades federais gaúchas.
Este projeto terá agora o seu encerramento com uma conferência científica em 14 de março, no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre (para conhecer o programa e se inscrever, acesse o site rs-resiliente.com.br). Ouvir os cientistas é fundamental. Nosso compromisso é enfrentar o fenômeno e, para isso, precisamos construir um pacto por uma transição justa e democrática. Essa transição não pode significar desemprego nem inviabilizar regiões. Não podemos deixar de fazer o que está em nosso alcance, mas o ônus da defesa do planeta precisa ser financiado por quem mais tem riqueza e poder.