Por Fernando Ferrari Filho, professor titular do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS
Nos anos 1980, durante os governos do presidente Ronald Reagan, a condução da economia norte-americana foi baseada na redução dos gastos públicos e dos impostos federais, na desregulação econômica e na austeridade monetária. Esse conjunto de políticas econômicas ficou conhecido como reaganeconomics.
Donald Trump, recém empossado presidente dos Estados Unidos, tem implementado uma agenda econômica que, em termos de políticas fiscal e monetária, se aproxima daquelas adotadas na era Regan. Assim sendo, surge uma questão: 2025 é um déjà-vu econômico, sendo o reaganeconomics substituído pelo trumpeconomics?
Tendo como referência a frase de um clássico filósofo-economista, qual seja, "a repetição da história ocorre duas vezes, sendo que a segunda de maneira farsante", a resposta é não.
Indo nesta direção, o revival da política econômica neoliberal no segundo governo Trump pode ser uma farsa, principalmente porque os desdobramentos das medidas de política comercial — elevação em até 25% das tarifas de importação dos produtos adquiridos pelos norte-americanos — tendem a afetar negativamente as economias dos Estados Unidos e mundial.
Protecionismo tarifário tende a desencadear uma guerra comercial global
Pelo menos três motivos nos levam a reflexionar sobre o referido adjetivo: primeiro porque protecionismo econômico vai de encontro à adoção dos princípios econômicos neoliberais; segundo porque maiores tarifas implicam aumentos de custos dos produtos importados, sejam insumos, sejam bens finais, e, por conseguinte, elevação dos preços para os consumidores norte-americanos, significando, assim, pressão inflacionária; e terceiro porque o protecionismo tarifário tende a desencadear uma guerra comercial global, agravando a dinâmica econômica mundial que, desde a crise financeira internacional (2007-2008) e a crise pandêmica da covid-19, está, segundo estatísticas do Fundo Monetário Internacional, crescendo muito abaixo do que crescia no início do século 21.
Enfim, esperemos o futuro da história.