Por, Gabriela Ferreira, consultora em inovação e professora da PUCRS
Em janeiro de 2024, naquela lista de resoluções de ano novo, você prometeu separar o lixo em casa. Porque é inacreditável que somente 9% do plástico seja reciclado no planeta, segundo o Center for Climate Integrity, e, no Brasil, apenas 1,3%. Mas aí veio a loucura do início do ano e a gente sabe como é: chegou a Páscoa e nada tinha mudado. Então você ficou sabendo que o cultivo de cacau é uma das principais causas por trás do índice de desmatamento na Costa do Marfim, principal produtor do mundo — dados do Banco Mundial mostram que o país perdeu 80% de sua cobertura florestal nos últimos 50 anos. E descobriu que a produção de cacau no Brasil está associada a trabalho análogo à escravidão e exploração de mão de obra infantil, denunciada já em 2019 pelo Ministério Público do Trabalho. Compras já feitas, a decisão de repensar ficou para o próximo ano. Chegou o frio e, mais uma vez, você não se lembrou das roupas esquecidas em um canto inacessível do armário e comprou várias para a nova estação. Soube que no planeta há roupa suficiente para vestir as próximas seis gerações e prometeu fazer diferente. No ano que vem. Às vésperas do verão, a surpresa veio pelo preço das frutas e hortaliças. E o absurdo do preço do café? Pois é, a produção agrícola é muito afetada pelas mudanças climáticas, o que impacta diretamente os preços dos alimentos. A forma insustentável de produção aumenta a crise que, por sua vez, afeta a produtividade, reforçando a espiral negativa. A FAO — Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura — tem uma lista de atitudes que todos podemos fazer para fazer frente a esse desafio: reduzir o desperdício de alimentos e o consumo excessivo de água e energia, entre outros. E logo agora que chegamos nas festas de final de ano? Mas no próximo vai dar certo.
A produção agrícola é afetada pelas mudanças climáticas, o que impacta os preços
Já estamos em 2025 e o Carnaval acabou — ele sempre acaba, como diz a música do Camelo — e o ano vai realmente começar. E não, não dá para brincar de ser feliz. Para ser feliz é preciso agir na direção certa.