Por Ana Paula Coutinho, diretora administrativa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e administradora hospitalar
A presença feminina em cargos de liderança continua sendo um dos grandes desafios do mercado de trabalho. Pesquisas mostram que os homens ainda dominam os cargos de direção e gerência. No Brasil, 38% dos postos de liderança são ocupados por mulheres, mas, quando estratificados cargos de diretoria e c-level (nível de chefia), a proporção cai para 28%. Em nível global, o relatório “Women in the boardroom”, publicado pela Deloitte, revela que as mulheres ocupam 6% dos cargos de CEOs e cerca de 23,3% das cadeiras dos conselhos corporativos e presidem apenas 8,4% destes.
Todas nós dividimos essa jornada com nossos compromissos pessoais
Mesmo neste cenário, algumas instituições se destacam pela presença expressiva de mulheres em posições de liderança. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a força de trabalho é majoritariamente feminina, chegando a 72%, com 63% dos cargos de gerência ocupados por mulheres. Na diretoria executiva, quatro dos seis membros são mulheres, assim como quatro das 11 cadeiras do conselho de administração, incluindo a presidência do mesmo.
Na diretoria administrativa, todas as altas lideranças são femininas, coordenando áreas normalmente não associadas às mulheres, como engenharia, financeiro, contabilidade, suprimentos, hotelaria e negócios. Essas profissionais lideram cerca de 2,3 mil funcionários, promovendo um ambiente de respeito e confiança. Mulheres que exercem papel fundamental na administração de um orçamento anual de cerca de R$ 2,5 bilhões, garantindo gestão eficiente e estratégica.
Além de profissionais, todas nós dividimos essa jornada com nossos compromissos pessoais: cuidamos dos nossos afetos, da nossa saúde física e mental. Desenvolvemo-nos como seres humanos para melhor desempenho dos diversos papéis que nos cabem.
A participação feminina na alta gestão é fundamental não apenas para ampliar a diversidade e a equidade dentro das organizações, mas também para inspirar futuras gerações, abrindo caminhos para um mercado de trabalho mais inclusivo. Promover essa discussão é fomentar mulheres a continuar ocupando espaços de liderança e contribuindo para transformações significativas no mundo corporativo.