Por Fábio Bernardi, sócio-diretor da HOC
Nesta semana está acontecendo em Austin, nos EUA, o SxSw, o maior evento de inovação, cultura e comportamento do mundo. E se no ano passado a grande pauta foi a inteligência artificial, neste ano o principal assunto é o... humano.
Seja como a tecnologia influencia o comportamento, seja nas temáticas sobre mercado de trabalho, uso de redes sociais ou longevidade, o que se debate é como lidaremos com uma vida repleta de novas inteligências, novas descobertas e novos desafios.
É preciso criatividade para colocar um pouco de extraordinário no cotidiano
O mundo muda aceleradamente e, nem sempre, para melhor. A grande pergunta, explícita ou não, é: onde vamos parar com tudo isso? E quando tudo estiver sob o império da tecnologia? E quando todos tiverem todos os dados? E quando a inteligência artificial estiver ao alcance de verbas menores ou de intenções piores? No marketing, a primeira questão é: como, e onde, as marcas se diferenciarão? E a segunda é: aguentaremos? Passaremos a ser perseguidos por todos os desejos que ainda nem sabemos que temos? Será mais fácil falar com cada consumidor, mas continuará difícil seduzi-lo, porque somos, antes de mais nada e acima de tudo, pessoas. E pessoas quase nunca são previsíveis. Steve Jobs e William Schon, editor da celebrada revista New Yorker, sempre se negaram a fazer pesquisas porque passariam a entregar o que as pessoas queriam, perdendo a capacidade de surpreendê-las. Eles sabiam que sem surpresa não há sedução, e sem sedução não há conquista. Juntar informações não é igual a pensar e, por mais dados que se tenha, é preciso criatividade para colocar um pouco de extraordinário no cotidiano.
É neste ponto que o SxSw agora encontra o eixo que, talvez, nos leve para o futuro das relações humanas, do trabalho, das transações comerciais, do consumo de mídia e, por que não, de todas as áreas, da medicina ao desenvolvimento agrário: se vamos viver mais, precisaremos aprender a viver melhor. Se a tecnologia não servir para isso, ela não serve para nada. Daqui para frente, vamos ter que exponencializar o humano.