Por Rodrigo Papaléo Fermann, diretor jurídico da Federação Israelita do Rio Grande do Sul
Desde outubro de 2023, Israel vem empregando recursos humanos, emocionais e financeiros em uma guerra da qual não gostaria de participar. Além das cifras gastas (cada dia de guerra custa em torno de um R$ 1 bilhão), judeus – israelenses ou não – têm sofrido com uma avassaladora onda de antissemitismo.
Era sabido que o conflito, deflagrado a partir da ofensiva do Hamas, transbordaria as fronteiras do Oriente Médio. Tomou, de fato, ambientes acadêmicos, redes sociais e até mesmo rodas de bar.
A razão dessa repercussão é clara: o conflito, para alguns setores, representa mais do que uma guerra entre Israel e Hamas – representa um mundo polarizado, campo fértil para o hasteamento de bandeiras da direita e da esquerda, de religiosos e de seculares, de conservadores e de liberais.
A perspectiva de abrandamento do conflito já representa um enorme alívio
Ainda que a guerra não seja contra palestinos, também era previsível a amplificação do debate sobre a formação de um Estado para esse povo abandonado pelos influentes Estados árabes da região. O debate é legítimo e complexo, mas por vezes usurpado para a propagação de ideias antissemitas.
Passados 15 meses de guerra, um feixe de esperanças surge em meio ao cenário de incertezas. Finalmente foi alcançado um acordo de cessar-fogo escalonado, que prevê a devolução dos reféns violentamente sequestrados em troca de milhares de terroristas presos por cometerem crimes hediondos
Ainda há dúvidas sobre a implementação dos termos acordados. Contudo, no atual estado da arte, a perspectiva de abrandamento do conflito já representa um enorme alívio.
Caso o acordo seja cumprido, o passo inicial para o fim da guerra terá sido dado. Será renovada a esperança (hatikva) de que um diálogo honesto possa ser reaberto entre os envolvidos. Ao invés dos esforços no combate bélico, questões como a segurança dos territórios, crescimento demográfico e divergências religiosas passarão a ser debatidas com profundidade, na expectativa de que se chegue à almejada paz duradoura.