Por Fernando Goldsztein, fundador do The Medulloblastoma Initiative, conselheiro da Children’s National Foundation e MBA, MIT Sloan School of Manangemnt
Onde você estava no dia 27 de dezembro do ano passado? Provavelmente descansando em alguma praia, na piscina ou em casa, na frente do ar-condicionado, recuperando-se dos excessos da ceia de Natal. Normalmente, nesses dias, a maioria das pessoas está desfrutando do merecido recesso de fim de ano.
Porém, essa não era a realidade para os astrônomos do Observatório de El Sauce, no Chile. Localizado no sul do deserto do Atacama, El Sauce é um dos melhores lugares do mundo para observação espacial. São 320 noites claras — sem nuvens — por ano.
Na noite de 27 de dezembro, foi descoberto um asteroide batizado de YR4. Assim como muitos outros asteroides que circulam pelo espaço, o YR4 é um corpo celeste composto de rocha e metal, com dimensão estimada entre 40 e 90 metros de diâmetro — o equivalente ao tamanho de um quarteirão. O que o diferencia dos demais é que, segundo os cálculos impressionantemente precisos dos astrônomos, há uma pequena possibilidade — de 2,3% — de ele colidir com a Terra no dia 22 de dezembro de 2032.
Os 2,3% de chance de colisão podem parecer baixos, mas foram suficientes para acionar a IAWN (International Asteroid Warning Network — Rede Internacional de Monitoramento de Asteroides). Essa rede reúne todas as organizações de astronomia do planeta para, em conjunto, detectar e monitorar asteroides e outros objetos potencialmente perigosos.
Sabemos — embora ninguém goste nem queira pensar sobre o tema — que um dia não estaremos mais aqui
O que mais impressiona no YR4 não é exatamente o seu tamanho — considerado pequeno para um asteroide —, mas sim sua velocidade: incríveis 38 mil km/h, suficiente para varrer do mapa uma cidade do tamanho de São Paulo. Entretanto, já aviso que não há motivo para pânico ou preocupação, afinal, a chance de o YR4 não atingir a Terra é de 97,7%.
Ainda assim, ao ler sobre o assunto, fiquei pensativo. E se fosse um asteroide muito maior? E se as chances de colisão fossem mais significativas? Esse episódio serve como um convite à reflexão. Sabemos — embora ninguém goste nem queira pensar sobre o tema — que um dia não estaremos mais aqui. Não será por causa de um asteroide, mas, em algum momento, o nosso tempo de permanência na Terra chegará ao fim. Será amanhã? Daqui a um ano? Cinco anos? Trinta anos? Por sorte, não sabemos.
Por tudo isso, devemos viver intensamente, aproveitando cada momento ao lado das pessoas que amamos, sem supervalorizar angústias e preocupações. A vida passa muito rápido e, ter esta consciência nos ajudará a aproveitar melhor o tempo que nos resta —seja ele qual for.