Por Gabriel Wainer, apresentador do @RivoNews
Após semanas de intensa fritura, o presidente Lula demitiu a agora ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade. Ao contrário do que tentaram emplacar, Nísia não caiu por machismo, mas sim por evidente necessidade política. O fiasco na gestão das vacinas, sobretudo contra a dengue, sua fraquíssima interlocução com o Congresso e a popularidade em queda livre do presidente e de sua gestão tornaram óbvia a sua demissão. Sexista teria sido mantê-la no cargo só porque é mulher.
O substituto de Nísia é Alexandre Padilha, que antes ocupava a chefia da Secretaria de Relações Institucionais do governo e teve sua gestão amplamente criticada não só pela oposição, mas até mesmo por aliados de altíssima estirpe, como o deputado Paulinho da Força, que o classificou como o “pior ministro”.
A Secretaria de Relações Institucionais é crucial em qualquer governo, ainda mais para uma gestão à deriva que só vê sua aprovação despencar. É a pasta da articulação do Planalto com o Congresso, negociando com parlamentares a aprovação de projetos de interesse do governo, liberando emendas parlamentares e coordenando a base aliada no Legislativo. Também faz a ponte entre o governo federal e os estados e municípios, garantindo a execução de programas e o repasse de verbas.
A presidente do PT é autoritária e intransigente
Era de se esperar que a escolha para substituir Padilha fosse alguém com bom trânsito entre a Câmara e o Senado, capacidade de dialogar com a oposição e posições equilibradas. Mas parafraseando o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, aliado de primeira hora do presidente, Lula parece apostar no projeto de perder as eleições de 2026 e escolheu Gleisi Hoffmann para ocupar o cargo vago.
A presidente do PT é autoritária e intransigente. Contrariou a posição oficial do Brasil ao reconhecer a posse do ditador Nicolás Maduro na Venezuela. Em 2018, disse que seria preciso “matar gente” para prender Lula. Não reconhece como democrático nenhum espectro político que se oponha ao seu, e subjuga os partidos de centro-esquerda aos caprichos do seu partido. É a escolha perfeita para isolar ainda mais o governo.