Por Alfredo Schmitt, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do RS (Sinplast-RS) e do Instituto SustenPlást
Há alguns meses, a sempre atenta jornalista Rosane de Oliveira publicou um artigo ressaltando que, antes da era do plástico, éramos considerados 100% sustentáveis. Em seu texto, ela descreve de forma peculiar como era a vida na infância rural, um cotidiano que, em muitos aspectos, reflete a aplicação prática da famosa Lei de Lavoisier: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Essa lógica, tão presente na época, continua sendo essencial nos dias atuais. Naquele tempo, éramos “90 milhões em ação”, como dizia a canção de Miguel Jorge, durante a Copa do Mundo de 70. Hoje, somos mais de 212 milhões de brasileiros, 8 bilhões no mundo e que precisam de materiais leves, baratos, fáceis de usar, que não incentivem o desmatamento e sejam recicláveis.
Estudos de análise do ciclo de vida (ACV) realizados globalmente comprovaram que as sacolas plásticas são, de longe, mais sustentáveis do que seus sucedâneos
Materiais que preservem alimentos e aumentem sua vida útil; embalem com segurança mais de 80% dos itens da cesta básica; promovam a saúde por meio de máscaras contra a covid-19, por exemplo; mantenham a higiene com produtos descartáveis; e ainda deixem veículos mais leves e consumindo menos combustível. Temos ainda as sacolas plásticas, que quando produzidas de acordo com as normas da ABNT, podem transportar até 4 mil vezes o próprio peso. Não há outro material hoje com tanta eficiência operacional e tecnologia embarcada. Estudos de análise do ciclo de vida (ACV) realizados globalmente comprovaram que as sacolas plásticas são, de longe, mais sustentáveis do que seus sucedâneos.
Mas precisamos fazer mais. E aqui voltamos ao ponto levantado pela jornalista Rosane de Oliveira: nenhum de nós jamais viu uma sacola ou outro produto plástico “ganhar pernas e correr para o mar”. Isso reforça que, em algum momento, deixamos de aplicar plenamente a Lei de Lavoisier no nosso dia a dia. É justamente essa lacuna que o conceito de economia circular busca preencher. O setor plástico, no Brasil e no mundo, está empenhado em trazer esse princípio de volta, promovendo educação, cidadania e conhecimento em todos os níveis.