Por Ricardo Dias, empresário
Na terça-feira (10) e na quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) realizará sua última reunião do ano, marcando também o encerramento da gestão de Campos Neto no Banco Central. O encontro ocorre em meio a um cenário econômico desafiador, com inflação elevada, dólar em alta e o mercado financeiro cada vez mais desconfiado das medidas econômicas do governo de Lula.
O governo tem priorizado soluções de curto prazo, negligenciando medidas que poderiam garantir maior credibilidade fiscal
O pacote fiscal anunciado recentemente pelo governo, que prometia reduzir as despesas públicas, gerou frustração entre investidores. A redução do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e o aumento para rendas acima de R$ 50.000 foram vistos como medidas populistas e insuficientes para enfrentar os problemas estruturais. Apesar da promessa de economizar R$ 71,9 bilhões em dois anos, analistas apontam que o impacto será bem menor, ampliando a percepção de risco fiscal.
O Banco Central, diante desse cenário, deve adotar uma postura mais firme. A Selic, atualmente em 11,25%, deve subir 1 ponto percentual na próxima reunião, com possibilidade de novo aumento em janeiro, levando a taxa básica a até 14% em 2024. Essa política visa conter a inflação, que já supera os limites da meta, mas também pode desacelerar ainda o crescimento econômico.
A ausência de reformas estruturais, como as previdenciária e administrativa, agrava a situação. O governo tem priorizado soluções de curto prazo, negligenciando medidas que poderiam garantir maior credibilidade fiscal. Essa falta de confiança se reflete na desvalorização do real, na alta do dólar e no aumento dos juros futuros, comprometendo a recuperação econômica.
Campos Neto deixa o Banco Central em um momento crítico, com desafios fiscais e econômicos que exigem estratégias firmes para evitar o agravamento da crise. Gabriel Galípolo, indicado por Lula como próximo presidente da instituição, assumirá o cargo em janeiro. No entanto, sua gestão levanta dúvidas: suas decisões nos próximos quatro anos serão voltadas ao fortalecimento econômico do Brasil ou estarão subordinadas às necessidades políticas populistas do Partido dos Trabalhadores?