Por Daniel Sauer Wolff, pediatra e coordenador do Núcleo de Pediatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)
Neste Natal, minha lista de desejos é para todas as famílias do Rio Grande do Sul. Peço que olhe, especialmente, para nossas crianças. Quando elas adoecem, merecem encontrar locais adequados para internação e serviços de saúde com tratamento digno e de excelência.
Que eles escutem e garantam um futuro melhor para nossas crianças e famílias
Aqui, no interior gaúcho, a situação é preocupante: 131 municípios não têm pediatras. Precisamos de medidas eficazes para atrair esses profissionais, como planos de carreira e condições de trabalho mais atrativas. Na Região Metropolitana, a realidade também é dura: muitas famílias da periferia não têm um pediatra nas unidades de saúde.
Outro problema é a falta de leitos de UTI neonatal. O SUS oferece apenas 338 leitos no Estado, quando o necessário, segundo a Sociedade de Pediatria, seria pelo menos 480. Esses números representam mais do que estatísticas: simbolizam vidas que podem ser salvas se os recém-nascidos tiverem um local adequado para nascer e se gestantes de alto risco contarem com hospitais estruturados.
Nossa taxa de mortalidade neonatal é de 7,3 por mil nascidos vivos, um número modesto comparado à Argentina, onde a taxa é de 5,73. Há um longo caminho a percorrer.
Papai Noel, peço também que os hospitais do Interior tenham equipes completas – pediatras, obstetras, clínicos e cirurgiões – para atender a emergências, e que os casos graves sejam aceitos sem demora pela regulação. Ninguém deve ficar sem atendimento por falta de estrutura ou por burocracia.
Esta carta é um apelo por dignidade: dignidade para as famílias, que merecem um sistema de saúde eficiente e acessível, e para os profissionais, que precisam de condições adequadas para cuidar de quem mais precisa.
Leve esta mensagem também ao governo do Estado. Que eles escutem e garantam um futuro melhor para nossas crianças e famílias. Com esperança, de uma população que acredita em um futuro melhor.