Foram de fato portentosos os números apresentados no balanço da 23ª Expodireto Cotrijal, que se encerrou na sexta-feira, em Não-Me-Toque, no norte do Estado. Nem as estimativas mais otimistas projetavam negócios encaminhados no valor de R$ 7 bilhões, montante 43% acima do ano passado. Não faltavam, afinal, fatores a inibir os produtores de investir neste momento. Além da terceira estiagem severa que atinge o Estado em quatro anos, há dificuldades de obter crédito pelas linhas tradicionais e os juros estão em patamares sufocantes.
A conjuntura desfavorável parece não ter desencorajado os agricultores de apostar em suas atividades
A conjuntura desfavorável, no entanto, parece não ter desencorajado os agricultores de apostar em suas atividades. É um sinal inequívoco de convicção no futuro promissor da produção de alimentos, com a percepção solidificada de uma ininterrupta necessidade de incorporar novas tecnologias e equipamentos mais modernos no parque de máquinas para elevar a produtividade no campo.
Outro elemento a ser considerado para o resultado exuberante e recorde da Expodireto é a consolidação da feira como oportunidade ideal para fechar negócios. Não só por condições especiais, mas por ser um evento extremamente profissional e focado nas necessidades dos agropecuaristas, para o qual afluem as principais empresas, do país e do Exterior, fornecedoras de produtos, serviços e inovação voltados ao setor rural. É onde é possível fazer o mais amplo cotejo de opções, para escolher o que é mais adequado para a realidade de cada propriedade. São atrativos que não despertam o interesse apenas dos produtores gaúchos e de outras regiões do país, mas de delegações estrangeiras ávidas por conhecer a realidade brasileira, que, no agronegócio, nada deve a qualquer outra nação desenvolvida do mundo.
Uma prova dessa atração exercida pela Expodireto em seu público-alvo é o número de visitantes. Passaram, nessa edição, pelo evento 320 mil pessoas, também um recorde e 20% acima de 2022. É natural que todo esse afluxo também tenha tido reflexos positivos no desempenho do pavilhão da agricultura familiar, que, com as delícias diversas e de qualidade produzidas nas pequenas propriedades e agroindústrias do Rio Grande do Sul, movimentou R$ 2,5 milhões, 50% a mais ante o ano passado. Torna-se outra marca a ser batida nas próximas edições.
Ao longo dos cinco dias de evento, a Expodireto recebeu ainda lideranças políticas e setoriais para debater os temas que afligem o campo, como medidas contra a estiagem e o mercado de crédito. Eventos paralelos discutiram o cenário de algumas das mais importantes atividades do agronegócio, como as culturas da soja, do milho, do trigo e a pecuária de corte, entre outros temas, como a sustentabilidade, um pilar cada vez mais presente nas premissas de produção. A inovação e as tecnologias digitais, integradas em uma velocidade alucinante no dia a dia da produção primária, da mesma forma, ganham cada vez mais peso e espaço na feira, que tem como uma das principais características a organização impecável por parte da Cotrijal.
Ao apresentar resultados a cada ano mais fortes, vencendo intempéries e sobressaltos de toda ordem, a Expodireto se firma como um retrato resumido do viço de toda a cadeia do agronegócio gaúcho e brasileiro.
