Além do aspecto financeiro envolvido, o roubo de veículos, por em regra ser executado por meio de ação violenta, é um dos crimes mais relacionados à sensação de insegurança de parte da população. Os números deste delito, no entanto, têm felizmente apresentado uma queda significativa nos últimos anos no Estado. A redução ocorre desde 2017, conforme as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Umas das principais razões, sem dúvida, é o aumento do videomonitoramento e do cercamento eletrônico nas maiores cidades
Seis anos atrás, foram 17,86 mil registros. Em 2022, a quantidade caiu para 4,47 mil, uma diminuição expressiva de 75%. Em Porto Alegre, onde eram observados quase metade dos roubos do Rio Grande do Sul, a retração foi ainda maior, da ordem de 80% neste mesmo intervalo de tempo.
São diversas as razões apontadas para a retração desse crime. Uma das principais, sem dúvida, é o aumento do videomonitoramento e do cercamento eletrônico nas maiores cidades, em que a Capital é um exemplo. É um caso modelar de integração entre o poder público municipal e o Estado. A rápida comunicação do crime, aliada à capilaridade das câmeras que permitem a vigilância em tempo real das vias, facilita a localização do veículo levado, ajudando na interceptação, na prisão dos bandidos e na recuperação do bem para o seu proprietário. É possível concluir ainda que, sabedores da existência de um controle mais acurado de ruas e estradas, assaltantes sintam-se até desencorajados aos roubos pelas chances maiores de serem pegos.
O emprego da tecnologia vem sendo ampliado pelas prefeituras, com recursos próprios ou com o apoio do Estado, de emendas e convênios, especialmente em municípios abrangidos pelo RS Seguro, pensado para dar mais atenção às cidades com maiores índices de criminalidade. Coincidência ou não, os números de roubos de veículos aceleraram a queda após a implantação do programa, em 2019.
Mas há outros fatores que ajudam a explicar o êxito na diminuição desse delito – e de outros – nos últimos anos. Entre eles estão a maior integração das polícias, o investimento em inteligência e as operações que, além de prisões, miram tomar o patrimônio dos líderes das quadrilhas. Financeiramente sufocados, esses grupos têm menores condições de se organizar e praticar novos ataques. A força-tarefa entre vários órgãos que fiscaliza desmanches é outra iniciativa meritória por dificultar o mercado de peças de veículos roubados.
De uma forma geral, os indicadores de criminalidade vêm recuando no Estado. As exceções recentes, em 2022, foram os homicídios, após quatro anos seguidos de queda, e os feminicídios, com duas altas seguidas. No primeiro caso, espera-se que as ações desencadeadas após o recrudescimento da guerra das facções, como prisões de líderes e transferências para penitenciárias de outras unidades da federação, surtam efeito e o total de homicídios volte a cair. Mais complexo parece ser o combate aos assassinatos por motivo de gênero, que exige maior foco em prevenção, como medidas protetivas a mulheres ameaçadas e o monitoramento de agressores. Aí está, sem dúvida, o grande desafio para a segurança pública e para a Justiça em 2023.