Michel Gralha, advogado
As eleições terminaram, mas seus efeitos ainda não foram sentidos. Há muita reclamação de um lado, por não haver a aceitação das urnas pelo outro e esquecem que, também em 2018, muitos tomaram as ruas para protestar, por 48 horas ininterruptas, exercendo seus direitos de inconformidade. Curioso como temos a capacidade de julgar e esquecer do passado. Como temos a pretensão de que nossas crenças são superiores, “esquecendo”, em uma verdadeira memória seletiva, aquilo que é feito por pessoas que têm ideias semelhantes às nossas.
Viver em um sistema democrático é a vontade de todos e deveria ser ponto pacífico
Não tenho dúvidas de que falhamos como nação. Nestas eleições, desconsiderando as questões das suspeições das urnas, o povo brasileiro jogou para o Estado todas as esperanças por um mundo melhor e mais próspero. Tomou a decisão de transferir a responsabilidade, sonhando pela vinda de um ente público, que sempre foi ineficaz, mas que repentinamente, como em um passe de mágica, melhorará a vida de todos. Para que sejam cumpridas tantas promessas, teremos efeitos artificiais.
O governo gera pouquíssimo valor. Ele toma valor de todos nós. Para cumprir tantas promessas, necessariamente taxará ainda mais quem produz. Não tem fórmula encantada. Para patrocinar estruturas inchadas, aumento de arrecadação e benefícios desproporcionais, só com aumento de impostos. E quem paga imposto no Brasil? Aqueles que acordam cedo para sair de casa e trabalhar.
Realmente torço e me esforço para que tenhamos um Brasil melhor, mas desta forma, tenho uma certeza, pioraremos no médio e longo prazos. E aqui não falo de políticos, falo de sistema político. Toda vez que uma nação flertar com candidatos que adoram gastos públicos e Estados gigantescos, a consequência é catastrófica. Já vivemos isso e esquecemos. Sei que muitos apoiam este modelo por interesses pessoais e visão de curto prazo. Porém, não podemos esquecer que temos gerações e gerações pela frente. Viver em um sistema democrático é a vontade de todos e deveria ser ponto pacífico. O que não quero é conviver com um regime autoritário estatal que mata o empreendedor e “finge” que apoia aqueles que mais necessitam. Enfim, sejamos fortes, o Brasil precisará!