Por Michel Gralha, advogado
Há algumas semanas, escrevi que os tempos andavam estranhos. Nossas emoções estão alteradas e vivemos uma perspectiva muito indefinida sobre o futuro como nação.
Passado este pequeno período de tempo e avaliando os fatos pelo prisma da estranheza, passei a me convencer de que realmente são tempos diferentes. Em época de eleição, candidato que não pode fazer comício, para não ser vaiado, é líder de intenção de votos. A solução da terceira via, defendida por muitos, não tem nenhuma relevância nas projeções. E o atual presidente, que, gostemos ou não, leva multidão para as ruas, está longe do primeiro lugar nas pesquisas.
Nestas eleições, sugiro começarmos nos ocupando do direito de participar da vida política e de votar com consciência
Que cenário terrível e de desconfiança. Além das campanhas acusatórias, que afastam a possibilidade de construção de programas que possam gerar algo positivo para o país. Infelizmente nossa escolha, principalmente para o governo federal, tende a ser binária, e, para isto, cada um de nós deverá escolher. Teremos que nos apropriar do que acreditamos e exercer nossa cidadania.
Aliás, sobre apropriação – e aqui falo no patriotismo, símbolos nacionais e afins –, é importante reforçar que ninguém toma para si algo que esteja carinhosamente cuidado. Geralmente os bens “tomados” são aqueles deixados de lado, negligenciados. Aí vem um indivíduo ou a coletividade e recupera aquilo que andava esquecido. São inúmeros casos, mas, repito, na sua grande maioria são bens desdenhados por alguém ou pela própria sociedade. E, neste caso, quando falamos de símbolos, não adianta muito chorar, pois quando se cria uma nova “aura”, revertê-la não é fácil e requer muito tempo, pois há inéditos e dedicados cuidadores do que acabaram de reaver.
Enfim, paremos de reclamar das atitudes alheias e comecemos a zelar pelo que valorizamos, caso contrário, sempre correremos o risco de perder e, depois, lamentar. Nestas eleições, sugiro começarmos nos ocupando do direito de participar da vida política e de votar com consciência para todos os cargos, para que, futuramente, não estejamos reclamando de mais perdas e, sim, festejando vitórias para o nosso Brasil.