Por Roberto Rachewsky, empresário
Ninguém tratou a desigualdade social melhor do que Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, grupo revolucionário comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979. De família rica, Pol Pot estudou em Paris, onde conheceu as ideias de Rousseau, Marx, Stalin e Mao. Com Kropotkin, anarquista russo, aprendeu sobre o igualitarismo, doutrina na qual Pol Pot se especializou, levando-a às últimas consequências. Para impedir que os indivíduos mais qualificados, criativos, produtivos, ambiciosos se sobressaíssem na sociedade cambojana, não hesitou em usar a violência extrema.
A natureza racional do homem demanda que os indivíduos sejam livres para agirem de acordo com seu próprio julgamento para desenvolverem habilidades, adquirirem conhecimento e bens, interagirem com os demais para a maximização de potencialidades e oportunidades individuais no contexto social, buscando satisfazerem seu autointeresse.
Pol Pot sabia que homens livres não são iguais. Por isso, evacuou cidades, transferindo seus habitantes para áreas rurais para trabalharem com monocultura agrícola como escravos de seu governo. Os cambojanos foram destituídos de seus bens, famílias foram dissolvidas e cientistas, professores, clérigos, adultos pertencentes à classe média foram considerados corruptos e mortos. Pessoas com problemas de visão tiveram seus óculos confiscados para que ninguém enxergasse melhor do que os outros. Quem demonstrasse possuir conhecimento superior era sumariamente exterminado.
Onde liberdade e propriedade existem, como no capitalismo, os resultados produzidos pelos indivíduos sempre serão desiguais
Os comunistas tinham ciência de que para acabar com a desigualdade social, natural à espécie humana, era preciso transformar cada indivíduo num animal irracional, incapaz de adquirir e usar conhecimento, de criar e produzir riqueza. No Camboja, a igualdade social foi conquistada na forma de cadáveres empilhados aos milhões em montanhas de ossos.
Seres humanos não são iguais. Onde liberdade e propriedade existem, como no capitalismo, os resultados produzidos pelos indivíduos sempre serão desiguais. O capitalismo não acaba com a desigualdade social porque não é um sistema desumano. O que acaba no capitalismo é a miséria, este sim, problema real da humanidade, mas que vem sendo reduzido desde a Revolução Industrial.
Quando vierem lhe falar de desigualdade social, pergunte: “Já ouviste falar em Pol Pot?”. Se a resposta for não, recomende Gritos do Silêncio, título em português do filme The Killing Fields, os campos da morte, em tradução literal.