Por Comandante Nádia, vereadora de Porto Alegre (DEM)
Em 5 de janeiro de 1966, a Lei Estadual nº 5.213 oficializou a letra do Hino Rio-Grandense.
Há quem diga que a estrofe “povo que não tem virtude, acaba por ser escravo” tem cunho racista. Para fugir da superficialidade com que muitas vezes é tratado nosso patrimônio cultural, talvez por desconhecimento histórico ou por interesses pseudossociais, caindo na pobreza de ver a parte sob ótica restrita, o que torna falaciosa a ação, simplista e descompromissada com os valores de um povo, mas com o oportunismo de alguns segmentos que agem somente para ganhar falsos aplausos.
Devo lembrar que a composição do Hino Rio-Grandense é rica em detalhes, iniciando-se em 3 de abril de 1838, após a conquista de Rio Pardo. Na ocasião, os revolucionários descobriram que haviam aprisionado a Banda do 2º Batalhão Imperial de Caçadores e seu maestro, Joaquim José Mendanha, incumbindo-o de compor o hino da revolução.
Houve três tentativas de definir uma letra que representasse os sentimentos gaúchos daqueles tempos difíceis, quando finalmente, a partir da música de Mendanha, Francisco Pinto da Fontoura compôs os versos que chegaram aos nossos dias, sendo a harmonização de letra e música realizada por Antonio Corte Real.
A interpretação que uma mente livre faz do hino é pela virtude, pelas atitudes positivas, de construção e de qualidade moral. Aquele que não as tem acaba por ser escravo de si mesmo e das suas escolhas. O hino concita cada um ao esforço máximo, dando o melhor de si, com “valor e constância”.
Nunca foi em relação à cor da pele. A escravidão descrita na letra se refere aos vícios, às falhas de caráter e às mazelas humanas decorrentes do mau uso do livre-arbítrio.
O raciocínio é fácil: ser virtuoso é estar em conformidade com a excelência moral, buscando o bem comum, pelo cumprimento das leis.
Tal qual nos tempos prístinos, hoje repetimos “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”, pois “não basta, para ser livre, ser forte, aguerrido e bravo”.
Ser gaúcha e brigadiana me permite afirmar que milhares dos nossos conterrâneos já derramaram seu suor e sangue por esta terra. Seus esforços históricos merecem respeito, indicam o rumo a ser seguido e despertam profundo orgulho por nossos símbolos.