Por Henri Siegert Chazan, presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA)
As medidas restritivas adotadas no Estado contra a Covid-19 têm se mostrado exitosas em seu objetivo: estamos num quadro melhor em relação a outros estados, não há falta de leitos e a curva da doença está se achatando. No entanto, fortes remédios trazem também grandes efeitos colaterais. E um deles merece atenção especial: a situação dos nossos hospitais.
Para muitas instituições de todo o Rio Grande do Sul, o cenário é sombrio do ponto de vista econômico. Com a suspensão de procedimentos ambulatoriais e cirurgias eletivas, há falta de pacientes. Ocorre também redução do quadro de funcionários, afastados por questão de segurança em virtude da idade ou de comorbidades. Além disso, o aumento expressivo dos custos de EPIs eleva o dispêndio de recursos dos hospitais.
Some-se a isso o atraso dos pagamentos do IPE, hoje em mais de 100 dias, fruto de um passivo histórico. Todos esses reflexos já se fizeram sentir no Hospital Regina, em Novo Hamburgo, que demitiu 132 profissionais em virtude do quadro insustentável. Mantidas essas condições, o cenário será de enormes dificuldades antes que o pico da curva chegue. E ficará pior em caso de uma segunda onda do coronavírus, bem como dos reflexos do inverno, que ampliam as doenças respiratórias.
Por meio do Gabinete de Crise do Governo do Estado e de ambientes criados pela Assembleia Legislativa, temos exposto as angústias dos hospitais e clamado por soluções urgentes. Necessitamos de maior apoio financeiro às instituições, bem como um retorno controlado à normalidade, com a volta da oferta de serviços ambulatoriais e cirurgias. Medida esta observando sempre a segurança e o bem-estar dos pacientes e trabalhadores.
Essa é uma questão muito sensível, com potencial de afetar toda a cadeia do setor. Garantir a sustentabilidade de nossos hospitais é prover maior segurança ao atendimento da população na pandemia e em todas as questões que afetam nossa saúde - hoje, amanhã e no futuro. Não há tempo a perder. É a vida dos gaúchos que está em jogo.