Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
Não sei se você sabe (eu não sabia), mas os últimos tempos foram notáveis em descobertas fundamentais para a humanidade. Segue o fio.
Foi descoberto um jeito de identificar e testar uma proteína, a IcaA (“inhibition of caspase activation”), que é capaz de enganar o sistema de defesa e impedir o início de um processo inflamatório no corpo. Significa dizer que o organismo não reage à sua infestação, o que diminuiria a chance de ocorrer a sepse, a famosa e temida infecção generalizada.
Foi descoberto um tipo específico de exame de sangue que é capaz de identificar lesões arteriais em fases iniciais, o que pode prevenir de forma efetiva, e com grande antecedência, doenças do coração como o infarto do miocárdio.
Foi descoberto um caminho para prevenir, e potencialmente tratar, o Alzheimer, a doença neurodegenerativa que mais avança no mundo, pois não tem cura e a população tende a viver mais. A chave estaria na irisina, um hormônio produzido pelos músculos quando praticamos exercícios físicos. Com isso, além de recomendar cientificamente o exercício como prevenção, será possível produzir medicamentos mais eficazes a partir do uso da irisina.
Foi descoberto o momento exato em que o mal de Parkinson se inicia no cérebro. Muito antes de apresentar sintomas, a doença já começa a formar sua estrutura. A descoberta pode ajudar no diagnóstico precoce e também no tratamento.
Foi descoberto que a bromelina, uma substância encontrada no abacaxi, possui alto efeito analgésico, praticamente igual ao da morfina.
Foi descoberto um vírus enigmático que tem genes praticamente irreconhecíveis. Chamado yaravírus, ele não apresenta risco aos humanos e tem mais de 90% do seu DNA inédito, ou seja, não foi jamais apresentado em nenhum tipo de descrição genética.
Foi descoberto um tipo de molécula, a microRNA-367, que é capaz de reduzir a força dos tumores em crianças e facilitar os tratamentos pediátricos contra o câncer.
Quer mais uma descoberta incrível? Todas essas descobertas foram feitas por cientistas brasileiros. Sim: brasileiros. Então, sequenciar o genoma do coronavírus em 48 horas, como fizeram duas cientistas brasileiras, é mais um grande feito de quem enfrenta a falta de verbas e de respeito com resiliência e criatividade.
Imagina o que faríamos se nossas universidades não fossem um antro de pelados e maconheiros, né, Weintraub?