Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Na coluna anterior procurei resumir o "como e quando" vender ações ou uma empresa. Na avaliação de qualquer empresa, independentemente de seu porte, uma das principais métricas utilizadas é sua capacidade de geração operacional de caixa obtida apenas com suas atividades-fins. O termo técnico usado normalmente para medir esse importante indicador é o denominado Ebitda, que representa os ganhos das atividades operacionais antes das despesas financeiras e amortizações, dos impostos e das depreciações. Pode parecer complexo, mas é simples e bem lógico. Dá uma ideia da viabilidade de sua operação.
A capacidade de geração de caixa operacional vai definir tanto a rentabilidade das vendas
das empresas, que se refletirá em sua rentabilidade e na capacidade de pagar suas dívidas. É uma espécie de indicador básico para qualquer um que vá avaliar uma empresa, e sua correlação com suas vendas e dívidas dão uma primeira e rápida ideia da empresa.
Qualquer empresário que busque expandir seu negócio precisa saber avaliar a evolução de sua capacidade de geração de caixa e saber planejá-la. Investimentos que venham a ser realizados devem comprovar sua capacidade de geração de recursos. Para que uma empresa ganhe valor, precisará desenvolver seus planos estratégicos, e a capacidade de ampliar seus ganhos é que a tornará atraente a investidores e também facilitará seu crédito.
No mercado de capitais, o Ebitda é um importante indicador utilizado para avaliação de empresas e ajuda na verificação de sua realidade financeira e da evolução de sua eficiência e competitividade ao longo dos anos. Sua projeção é fundamental para quaisquer transações.
Em um cenário inédito de juros baixos, a partir de uma taxa Selic que rapidamente deve se situar abaixo de 5% a.a., uma boa capacidade de geração de caixa operacional se conectará com a redução do custo do chamado serviço da dívida. A evolução do endividamento das empresas pode originar dívidas incompatíveis com a geração de caixa e a capacidade de pagamento, o que pode tornar as empresas insolventes. O perfil de cada dívida, levando em conta prazos e custos, é que faz a diferença.
Boas performances operacionais e geração de caixa, casadas com a redução do custo de carregamento das dívidas empresariais, podem ser uma boa oportunidade para a captura de maiores valores para as empresas, independentemente de seus proprietários pretenderem continuar seus donos, vendê-las ou buscar sócios.