Deve ser saudada a incorporação de mais 1,9 mil policiais ao efetivo da Brigada Militar, nos próximos dias, no Estado. Mostra esforço do governo, em meio à severa crise financeira, de tentar garantir um pouco mais de tranquilidade para os gaúchos, robustecendo o contingente nas cidades com os maiores índices de criminalidade, protegendo melhor os pequenos municípios, em regra pouco guarnecidos, e aumentando o número de brigadianos nos pelotões de operações especiais. Os primeiros servidores passaram por cerimônia de formatura carregada de emoção na última sexta-feira, na Capital, e outros eventos do gênero se repetirão no Interior até o início de agosto. No começo do mês, foi a vez de cerca de 400 policiais civis também passarem por cerimônia de encerramento do curso de formação, para em seguida se espalharem por delegacias do Rio Grande do Sul.
A solução estrutural da segurança pública do Rio Grande do Sul passa obrigatoriamente pela reorganização financeira do Estado
É positivo, mas é pouco diante da grande defasagem de pessoal na área. O Estado começou 2019 com metade do efetivo previsto tanto para a Brigada Militar quanto para a Polícia Civil. Reportagem publicada ontem em Zero Hora dá o tamanho exato do descompasso. Entre 2014 e 2018, enquanto foi contabilizado o ingresso de 10,5 mil servidores na área da segurança, 20,5 mil saíram, pelas mais diversas razões, sendo a aposentadoria a principal delas, o que também acaba pressionando o sistema previdenciário do Estado. Os números incluem Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Instituto-Geral de Perícias (IGP) e Bombeiros. Somente no ano passado, mostrou o repórter Hygino Vasconcellos, a entrada de pessoal superou as saídas. Não há mágica. A solução estrutural passa obrigatoriamente pela reorganização financeira do Estado, que não consegue mais colocar recursos nas áreas que são essenciais para o cidadão.
Recente pesquisa global, divulgada na sexta-feira pelo Instituto Ipsos, apontou que a criminalidade e a violência são as principais preocupações dos brasileiros. A epidemia de insegurança que assola o país atormenta da mesma forma o Estado, onde os índices dos delitos mais graves até recuaram no primeiro semestre. Mas a Região Metropolitana assistiu a uma nova onda de homicídios entre quadrilhas nas últimas semanas e, em um período de um mês, quatro policiais morreram em confronto com criminosos. A vitória sobre a delinquência, portanto, ainda está distante. Mas, quando existem avanços, é preciso reconhecê-los.
Embora tenha sido alvo de ressalvas, um exemplo de passo adiante do Estado na área é a entrada em vigor, nos próximos dias, do Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública (Piseg-RS). A legislação, pioneira no país, permite que a iniciativa privada reverta valores referentes a parte do ICMS em equipamentos que possam ser usados pelas forças policiais. É uma saída criativa diante da falta de recursos públicos.