Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
A grave situação em que a economia brasileira mergulhou nos últimos anos, de alguma forma fez o país acordar e entender a necessidade de reformas profundas. As da previdência e a tributária são necessárias, pois vão gerar mudanças estruturais em nossa base econômica. A previdenciária coloca uma luz no fim do túnel do equilíbrio fiscal no médio e no longo prazo e a tributária vai focar em uma maior eficiência em um dos sistemas mais complexos e caros do mundo. Devem devolver uma maior previsibilidade nas contas públicas, fundamental para a volta da confiança e com isso atrair investimentos. Como no curto prazo não teremos um aquecimento do consumo, nosso drive de recuperação poderá se dar via um choque de investimentos em infraestrutura.
Investidores de longo prazo olham para o Brasil como um país de oportunidades, pois não há nenhuma área onde não haja carências e oportunidades de investimentos. Também, a crise fiscal e a recessão verificada a partir de 2014 reduziram ainda mais a já pobre capacidade de investimentos públicos em infraestrutura, o que impacta absurdamente no custo Brasil e em nossa condição de competitividade. Segundo estudos do Fórum Econômico Mundial, nossa infraestrutura inadequada está entre os cinco principais problemas para se fazer negócios no Brasil. Entre 137 países, ficamos na 108ª posição na questão da infraestrutura. Apenas para lembrar, nos últimos três anos o Brasil investiu em média 1,7% do PIB, o que explica nosso atraso.
Neste sentido, devemos estar atentos ao PPI - Programa de Parcerias de Investimento criado pela Lei 13.334/2016 pelo Governo Federal e que buscou gerar uma maior interação entre o Estado e a iniciativa privada, visando viabilizar definitivamente a infraestrutura brasileira.
O PPI busca a qualificação dos projetos, segurança jurídica e uma visão de longo prazo do Plano Nacional de Logística. Deve funcionar como uma espécie de um hub onde todos os agentes devem se relacionar. O PPI possui uma carteira de projetos próxima a R$ 1,4 trilhão, que abrange ferrovias, portos, aeroportos, energia, óleo e gás, mineração, rodovias e desenvolvimento regional, em sua grande maioria objetivando a busca de investidores privados locais e estrangeiros.
Uma mudança sutil, mas importante, se deu recentemente na questão de sua governança, com a passagem do PPI para a Casa Civil da Presidência de República, com o Ministro Onyx Lorenzoni. A condução do programa, dentro da estrutura do Palácio do Planalto, concede um novo status a um programa que tem o potencial de ser a grande alavanca da economia nacional nos próximos anos.