Por Pepe Vargas, deputado estadual (PT)
As deficiências da infraestrutura elétrica entravam o pleno desenvolvimento da agricultura gaúcha e dos municípios com economia agrícola.
Há insuficiência de redes trifásicas, precária manutenção das redes e péssimo atendimento aos consumidores.
A privatização de dois terços da CEEE, ao contrário das maravilhas prometidas, está na raiz do problema. Nos legou uma concessionária privada que atende mais de 80% das economias rurais e uma pública, que atende menos de 20% do campo, que perdeu fatia enorme do faturamento e ficou com 88% dos passivos da antiga CEEE quando da privatização.
Eletrodomésticos modernos chegaram ao campo. O crédito farto e barato aos agricultores, durante os governos Lula e Dilma, permitiu a compra de ordenhadeiras mecânicas e resfriadores de leite, câmaras frias, secadoras elétricas para tabaco e grãos, sistemas de irrigação, todo um rol de equipamentos. O que não veio foram as redes trifásicas das concessionárias.
A falta de manutenção das redes ocasiona quedas na energia, que demoram dias até a normalização. São frequentes os relatos de perdas de produção, porque máquinas e equipamentos ficam sem energia, acumulando prejuízos. Mas o lucro da concessionária está garantido. A CPFL, dona da RGE, lucrou R$ 2,17 bilhões em 2018, boa parte enviado ao Exterior como remessa de lucros à controladora, a estatal chinesa State Grid. Consumidores daqui geram riqueza na China. Que beleza!
A privatização real, diferente das utopias liberais, tem modelo de regulação que beira o escárnio. A sensação dos consumidores é de impotência frente à paralisia das agências reguladoras. O que mais se ouve entre o povo é que as concessionárias mandam e desmandam nas agências reguladoras.
É preciso debater mais as privatizações. Na eleição, o governador Leite disse que convocaria plebiscito. O acionista majoritário das estatais, o povo gaúcho, deve opinar. Plebiscito, sim!