Por Gerson Schmidt, padre e jornalista
Um mês atrás, algumas igrejas católicas da França sofreram atentados. É precipitado acusar um incêndio criminoso na Catedral de Notre-Dame, que é símbolo de Paris e começou a ser construída em 1163. São em torno de 850 anos já de história dessa igreja quase milenar. Se aquelas paredes falassem...
O incêndio é simplesmente uma lástima. É uma barbaridade! Uma barbárie... melhor dizendo, em linguagem de português não agauchado.
O templo, visitado anualmente por mais de 12 milhões de peregrinos, venceu até as revoltas da Revolução Francesa, permanecendo intacto a qualquer atentado, não poucos! Agora, esse lamentável incêndio, que pode estar ligado às obras que vinham sendo feitas no telhado do edifício. Pode ter muitas causas. A torre central estava rodeada por um andaime. Testemunhas afirmam que o telhado havia desmoronado, mas por enquanto, tudo não está claro ainda.
O fato mais claro é que a França, desde os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Liberté, Egalité, Fraternité), originários da Revolta e Revolução religiosa Francesa, vive um incêndio total nos corações dos descrentes e rebeldes eclesiais. Tudo é um estopim nos corações ardentes, uma pólvora em chamas, clamando por uma igreja nova, como se a velha e milenar fosse ruim. Como se tudo devesse partir do zero, nascer das cinzas, como Fênix. Como se Jesus Cristo estivesse totalmente contra a ordem eclesial instituída e em vigor. É difícil saber os rumos de nossa fé, desse jeito. Como esperar se o povo destrói o que é sacro e mais nobre?
Mas, certamente não é o povo, mas mentes insatisfeitas, rebeldes e fora da religião e ao menos do bom senso que travam essas batalhas, provocando revoltas incessantes. Não sabemos os laudos e perícias ainda das ruínas que restaram. Mas esperamos um novo futuro para a França. Que cessem os incêndios nos corações e nos templos! Deus tenha de nós piedade!