Por Gilkiane Cargnelutti, jornalista
O ano mal começou e os brasileiros já choraram as mortes e a destruição provocadas por duas tragédias. Brumadinho repete Mariana, assim como o Ninho do Urubu reproduz o que vivemos com a boate Kiss.
Como a maioria dos brasileiros, eu defendo a economia liberal e acredito que a desburocratização traz desenvolvimento e acelera o crescimento de um país. Sou favorável a que as empresas lucrem e que seus funcionários sejam valorizados.
Mas, infelizmente, tanto na iniciativa pública quanto na privada, o que temos visto é a negligência para obter o lucro. O Estado ineficiente não consegue fiscalizar e as instituições que conhecem o sistema fazem de conta que está tudo bem. Até que a lama e o fogo de alastram, levam vidas e os sonhos de crianças, jovens, pais e filhos.
Porque não aprendemos com os erros? Qual o motivo de vermos as mesmas desgraças acontecerem, manchando de sangue a nossa história, e nada fazermos? Uma conta bancária milionária permite deitar no travesseiro e dormir sabendo que tantos choram enquanto enterram seus entes queridos?
É utopia acharmos que um governo resolverá os problemas de caráter que temos como nação, mas é imprescindível que a Justiça assuma a responsabilidade de encontrar e penalizar os responsáveis, já que a impunidade é a porta para a reincidência.
Não precisamos ter um fiscal batendo em nossa porta para descobrirmos que uma barragem sem estrutura pode romper e um alojamento que não deveria existir no local pode incendiar-se. Sabemos que não é fácil enfrentar uma grande corporação, porém, o mais doloroso é encarar pais que perderam seus filhos. Dormindo. Sonhando com um futuro que nunca chegará.
Empresas deficitárias não permanecem no mercado. O lucro é parte indissolúvel de seu sucesso e a garantia de emprego e renda. Mas a vida está acima disso. Não há dinheiro capaz de reparar ou aliviar a dor da perda. Que em 2019 estejamos juntos na reconstrução dos valores de nossa sociedade. Pelos que foram e pelos que ficaram.