Por Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS
Responsabilidade é um valor essencial não apenas para sobrevivência individual, mas para a manutenção da sociedade. Seguidamente, vejo crianças que levam para casa uma pequena plantinha e ficam responsáveis por ela. A criança precisará regá-la, deixá-la mais ou menos tempo no sol e adubá-la. A ideia deste exercício é materializar o conceito de responsabilidade, de responder diretamente por algo. Se a criança cuidar bem da planta, ele fica bonita; se cuidar mal, ela seca e morre. O resultado está ali, diante dela, é observável.
Mas, nem toda responsabilidade é tão visível quanto as plantas que temos em casa e precisamos regar. Boa parte das nossas responsabilidades como cidadão se expressam pelas atividades regulares, sem que necessariamente façamos conexões sobre suas consequências enquanto às realizamos. Todas as pessoas, sem exceção, têm responsabilidade para com a comunidade na qual vivemos: não importa o grau de complexidade da sua ocupação, suas ações são sempre refletidas sobre os demais. É isso que nos mantêm unidos como sociedade, como seres humanos que se dispõem a viver juntos.
E aqui também desponta o conceito de empatia. Ser empático significa colocar-se no lugar de outra pessoa. É a velha máxima do “e se fosse comigo?”. Este exercício é fundamental para consolidarmos a noção de responsabilidade. Se eu não me coloco no lugar do outro, como será possível fazer uma avaliação adequada da minha responsabilidade para com ele ou para com a comunidade em que ambos vivemos?
Estas eleições têm demonstrado que estamos abrindo mão do exercício de empatia. Por várias razões que você possa elencar, optar por vestir as sandálias alheias e caminhar está cada vez mais raro. As dificuldades que nós, brasileiros, temos enfrentado têm nos endurecido e dificultado o processo de empatia, que é tão sublime e fundamental para sociedades estáveis e saudáveis.
E assim sendo, a nossa noção de responsabilidade também vai se apagando. A polarização ideológica bruta, além de toda raiva instaurada, nos isola cada vez mais como cidadãos e nos faz perder o senso de responsabilidade social e democrática. Acontece que somos, sim, responsáveis pelos outros quando optamos por viver em sociedade. Desejo a você um bom voto, consciente de que ele importa para todos nós.