Por Úrsula Christini, blogueira e servidora pública
Dizem que todos nós temos filtros para acessar a realidade, dependendo de nossa formação, crenças, valores, experiência. A questão é quando esses filtros acabam por distorcer a realidade de tal forma que a convivência começa a ser prejudicada.
Em qualquer relacionamento conjugal, por exemplo, se o filtro for de extrema desconfiança, talvez nunca haja harmonia no casal. O mesmo ocorre em todos os níveis do relacionamento humano. Julgamentos e preconceitos geralmente distorcem a realidade. Aliás, a realidade é algo difícil de definir. Às vezes, não temos acesso a ela.
No universo político, então? Milhões de pessoas acreditam em um ou outro candidato, amam ou odeiam um ou outro candidato. Qual será o melhor? Qual ponto de vista é o correto? O copo meio cheio ou meio vazio? Houve justiça ou houve golpe? Depende do filtro de cada um. O Brasil está melhor ou está em crise? A corrupção que está vindo à tona sempre existiu ou só agora que existe?
Acredito que o Brasil esteja melhor porque está mais transparente, e que chegará o momento em que não haverá mais espaço para sermos desonestos, em especial, nas contas públicas. Os mecanismos e as tecnologias estão avançando nesse sentido. E nós, como seres humanos, também temos de evoluir. Chega de ganância e de acharmos que nunca recebemos o suficiente, de nos compararmos com os mais prósperos. Vamos olhar para o lado e ajudar quem está passando necessidade. Vamos manter nossas amizades e famílias independentemente de nossa opinião política. Podemos evitar o conflito, pesquisando, trocando ideias, sem revelar nosso voto. Talvez, não seja à toa que ele seja secreto.
Sim, é um momento decisivo para o rumo do país e para nossas vidas. Imagine cortar relações porque seu grande amigo é de tal partido? Não vamos distorcer a realidade de tal maneira e pensar que nossos amigos e familiares são pessoas más por votarem em determinado candidato. Chega a ser cômica essa lente.
Vamos manter nossas relações e zelar por um país melhor, fazendo a nossa parte. Um voto consciente, respeitando o livre-arbítrio e mantendo a honestidade e a solidariedade nas nossas relações humanas do dia a dia.