Por Igor Oliveira, consultor empresarial
Reta final de eleição sempre me deixa triste. Não necessariamente pelo resultado, mas pela quantidade de distorções produzidas pelo sistema eleitoral na nossa democracia. Vou ilustrá-los com dois exemplos simples.
Nos últimos dias, presenciei diálogos entre pessoas que estão preocupadas com o fato de um determinado candidato em uma eleição majoritária (para presidente ou governador) estar em primeiro lugar nas pesquisas. A reação de algumas dessas pessoas, que se julgam estrategistas eleitorais, é esperar até a véspera do primeiro turno, para então votar no segundo colocado nas pesquisas. Chamam essa estratégia de voto útil.
O problema é que essa é uma interpretação equivocada do funcionamento do sistema. Se você quer evitar a vitória no primeiro turno do atual líder das pesquisas, basta votar em qualquer outro candidato. Não há motivo para priorizar o segundo colocado, pois o que evita a eleição em primeiro turno é a soma de todos os outros. Vote em quem você acha melhor.
Outra armadilha acontece nas eleições proporcionais (para deputado). As pessoas simpatizam com um determinado candidato e decidem votar nele. O problema é que um voto consciente nas proporcionais é aquele que leva em conta o conjunto dos candidatos de uma determinada coligação, visto que você está dando um voto para a coligação inteira (até 2020, quando essa regra vai mudar).
Essas enormes assimetrias de informação são produzidas pela complexidade do sistema eleitoral, combinada com a falta de conhecimento da população sobre ele. Nessas horas, precisamos lembrar que o sistema eleitoral é apenas um dos elementos de uma democracia, juntamente com a presença de liberdades civis básicas, cultura política, além de mecanismos de controle social e incidência da sociedade civil. São justamente esses outros elementos que precisamos desenvolver.