O desinteresse do eleitorado brasileiro _ não pelas eleições em si, mas pelo ato de votar _ pode ser medido pela redução no número de jovens que se registraram para votar. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, na faixa entre 16 e 17 anos, para a qual o comparecimento às urnas é facultativo, o total de eleitores diminuiu em relação ao pleito de 2014. O fenômeno é preocupante, pois revela que até na parcela na qual deveria ocorrer maior preocupação com um futuro melhor para o país há um crescente descrédito.
Em boa parte, o sentimento é decorrente da irresponsabilidade com que se pratica a política no Brasil. O enfraquecimento dos partidos contribui para essa sensação de desalento. De maneira geral, as legendas se preocupam cada vez menos com ideários e programas, e mais com conveniências de ocasião para suas estratégias de poder. Em consequência, política transformou-se num campo fértil para populistas, demagogos e defensores de interesses de grupos específicos. Essa realidade faz com que prevaleça a noção – injusta, por seu caráter generalista – de que os políticos só pensam em si.
Há também uma série de fatos objetivos que favorecem uma melhor compreensão sobre a queda no engajamento de uma faixa específica da população. Uma delas é a gravidade da crise econômica, que limita as oportunidades de inserção no mercado formal de trabalho por parte de quem está chegando à vida adulta. As dificuldades enfrentadas estão entre as explicações do aumento no número de pessoas, em sua maioria com pouca idade, que decidiram ir viver no Exterior.
A resistência a uma maior participação nas definições de rumos do país serve de alerta aos políticos para a necessidade de se elevar o nível do debate. A demagogia precisa dar lugar à verdade, por mais dura que seja. É preciso que os disfarces das candidaturas embaladas pelo marketing sejam substituídos pela autenticidade e por maior compromisso com o futuro no exercício do poder.
A partir da campanha eleitoral deste ano, é importante que passem a predominar discussões sérias, realistas e profundas sobre o que os postulantes a cargos públicos pretendem fazer para enfrentar a descrença juvenil. A qualidade da política é responsabilidade de políticos e governantes. A chacoalhada oferecida pela queda no registro dos jovens eleitores é sonora e urgente.