![Eduardo Oliveira / Arte/ZH Eduardo Oliveira / Arte/ZH](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24632429.jpg?w=700)
A paralisação dos trabalhos de atendimento telefônico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no Estado a partir da noite de segunda-feira chama a atenção para o quanto o poder público precisa se manter permanentemente atento ao atendimento de áreas essenciais. Como é possível que uma empresa terceirizada continue a operar se não repassa sequer o salário de seus funcionários, a ponto de levá-los à greve? E por que o poder público, mesmo ciente há mais tempo da situação, não se antecipou, definindo previamente substitutos com o conhecimento técnico necessário para atuar numa área de tamanha responsabilidade?
Emergência e urgência são questões que não podem ser negligenciadas na área de saúde pública. No caso, as consequências só não foram ainda mais graves porque cidades de maior porte, entre as quais Porto Alegre e Caxias do Sul, têm regulação municipal. A Secretaria Estadual da Saúde acabou deslocando servidores para substituir os grevistas e o Piratini decidiu pagar os vencimentos diretamente. A Brigada Militar, mesmo sem ter capacitação necessária para exercer esse tipo de atividade, fez o possível para atenuar os contratempos. Ao mesmo tempo, entidades como a Federação de Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) se preocuparam em prestar orientações, para que a população não ficasse totalmente desassistida nos municípios. A área, porém, se não se presta para improvisações.
O que está em questão não é o caso de a empresa prestadora de serviço ser terceirizada ou não, mas sim o fato de ter faltado fiscalização adequada e planejamento para a substituição emergencial de telefonistas e rádio-operadores. Por isso, o que ocorreu no Estado serve de alerta para evitar a repetição de episódios semelhantes. É inadmissível que, por falta de pessoal no atendimento telefônico, os médicos reguladores, treinados para isso, sequer conseguissem ontem fazer normalmente a entrevista de emergência, para decidir se era ou não o caso de encaminhar uma equipe.
Mais uma vez, o ônus da interrupção de um serviço público essencial como o de ambulância ficou com a população de maneira geral, que não tem poder de decisão nesses casos. É preciso apurar as razões que levaram a situação a chegar nesse ponto. Os gaúchos não podem ficar desassistidos.