Por Jordy Nascimento, estudante de Letras na UFRGS
A rainha do pop completa 60 anos nesta sexta feira (16) e nas últimas semanas está sendo fácil encontrar textos e artigos em homenagem a cantora, ressaltando o inacreditável número de álbuns vendidos, faturamentos em turnês, hits que permaneceram por semanas ou meses nas paradas de sucesso e todo pioneirismo na música pop, mas por que não falar da Madonna de hoje? Que segue se reinventando e mantendo o mesmo nível de qualidade em suas composições?
Por que a atual geração não prestigia suas músicas? Por que para muitos, 60 anos é a idade limite para parar de fazer mega shows com trocas de figurinos e muita coreografia? A resposta é simples: Madonna é uma mulher! E em 36 anos de carreira vêm lutando contra o machismo enraizado na sociedade que aplaude Mick Jagger, Paul McCartney, Elton John e outros cantores pela vitalidade e força de vontade de seguirem suas carreiras apesar da idade, mas (mesmo em 2018, século 21,) os juízes de plantão seguem estipulando um prazo de validade para a carreira de uma artista. "Mas onde já se viu uma mulher dessa idade rebolar em cima de um palco daquele jeito" é um tipo de comentário fácil de encontrar pela internet. Para algumas pessoas: opinião formada, para a nova geração, fica o pedido: busquem a história de Madonna, não apenas pela qualidade musical, pela reinvenção, pelas grandes estruturas em shows ou por grandes hits. Atualmente o termo "militar" está em alta, e é muito fácil encontrar artistas que apoiem minorias, mas quem teria essa coragem nos anos 80? Quem falaria abertamente sobre machismo, racismo e homofobia num programa de TV conservador norte americano às 8 da manhã no início dos anos 90? Quem estaria do lado da comunidade LGBTQ quando o mundo descobria (e julgava) a Aids? Madonna não tinha nada com isso a ganhar na época, a não ser críticas, muitas críticas. Se hoje, defender o que se acredita segue sendo difícil, podemos imaginar o peso disso há mais de 30 anos atrás.
É necessário, no mínimo, respeitar Madonna. Sua história, sua bagagem, sua importância para as minorias e toda a influência que a música pop vêm sofrendo desde então. Feliz aniversário, Madonna. O meu desejo enquanto fã é que você não pare, que siga mostrando que nunca é tarde para lutar e se reinventar. Não importa a quantidade de talentos que surjam daqui pra frente, vamos seguir precisando de você. Como cantora, como ativista, como ser humano.