Por Marcello Vernet de Beltrand, consultor e Mestre em Administração
O poder de aumentar impostos numa sociedade democrática está com o presidente, governador e prefeito. Há 803 anos, na Inglaterra, era o rei que exercia o ofício de encher as burras do Estado. Hoje, o mesmo enredo repete, na dor, o ano de 1215, quando o Rei João, manoteado por súditos, assinava a Magna Carta.
O rei violou costumes e pagou a conta. A Carta Magna sacramentou a volta atrás do Rei João: o Estado tomaria menos, respeitaria o direito à propriedade e à igualdade de todos perante a lei. A vantagem valia apenas para homens livres, tipo lordes e barões, que eram poucos à época. Esse fato notável ocorreu 300 anos antes das navegações. Noves fora, nos mil anos seguintes a Inglaterra virou império, conheceu a prosperidade como poucas nações livres e influenciou continentes, exceto o nosso.
Poucos acontecimentos na história tem tanta vinculação com as crises contemporâneas vividas pela América Latina. Atendem por diversos nomes: (1) máquina pública inchada, (2) projetos políticos incapazes de atender a sociedade, (3) exaurimento da riqueza com carga tributária pornográfica e (4) debacle na prestação de serviços de saúde, segurança e educação ao cidadão.
Este último é o mais visível para a população pobre, já que a priva de cuidados, rouba o guarda da esquina e inaugura cidadãos de segunda – educação deficiente e alunos analfabetos funcionais. Ainda condena esse indivíduo a receber ticket para ingressar no estádio onde está um grupo social tão expressivo que elege Presidente da República. Cognitivamente não pode fazê-lo, pois falta condição para diferenciar um populista dum autoritário. Pior, os pobres se tornam adoradores de políticos que lhes dão acesso a programas mitigatórios de alimento e mobilidade. Alguns justos socialmente. Mas que sonegam a outra face da ação social: empurrar essa massa de gente para a alforria do emprego.
Quando vir o Presidente, Governador e Prefeitos aumentar impostos é porque eles - e os legisladores - estão fazendo uma opção. E não é por você.