Os fatos demonstram a falência do sistema de governança do Brasil atual, evidenciada nas disfunções ocorridas durante a mobilização dos motoristas contra o aumento dos combustíveis. Começou pela incapacidade do governo de dialogar, visando a solucionar a crise prenunciada. A postura da Petrobras, de não subsidiar combustíveis de forma manipulativa como fazia no passado, é justificada. Injustificável foi a modalidade diária de reajustar, favorecendo manipulações no sistema de distribuição e um total descontrole de preços, além do impedimento negocial dos motoristas de repassar essas flutuações ao usuário final. A greve, sua causa e as manifestações tinham justificativas e aprovação social. Entretanto, esta situação socialmente legitimada foi utilizada para atender, de forma ilegal, a interesses de grupos empresariais com um locaute. Grupos políticos se somaram para esvaziar o desprestigiado governo Temer pelas denúncias de corrupção. Essa situação exacerba ainda mais o emocional social de insatisfações frente ao caos que vivemos, em que não se veem perspectivas positivas de se ter o “Brasil que queremos”. Isso gera movimentos do tipo “intervenção militar já”, almejando uma atitude intervencionista que imponha uma ordem pública.
Artigo
Walter Lídio Nunes: o Brasil que não queremos
Uma negociação infindável e leniente impede o cumprimento efetivo da lei, caracterizando uma sociedade dos inúmeros direitos sem os correspondentes deveres para com o conjunto da sociedade
Walter Lídio Nunes
Vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)