

Um ano depois de deflagrado o movimento pela conclusão das obras de duplicação da BR-116, líderes de municípios da Região Sul deram na sexta-feira uma demonstração importante de unidade em torno desse projeto tão relevante para o Estado. Como alertaram as manifestações, sob a forma de painéis, exposição de carros acidentados no trecho entre Guaíba e Pelotas e realização de um debate em Camaquã, incluindo relatos de familiares e amigos de vítimas, há urgência na conclusão dos trabalhos. No ritmo atual, seriam necessários mais de 10 anos e um volume adicional de recursos por conta da demora. Não há como esperar tanto, nem continuar despendendo recursos extras por conta do atraso. A duplicação precisa sair já.
Só a união permanente em torno desse objetivo poderá garantir a vontade política necessária para a liberação de verbas num volume adequado e no momento certo
A questão é que, além de continuar provocando mortes – 30 em um ano, num total de 255 acidentes –, a rodovia eternamente em obras, que deveriam ter sido concluídas ainda em 2015, segue desperdiçando recursos por falta de um cronograma rigoroso. Desde 2012, os trabalhos consumiram R$ 791 milhões, e ainda serão necessários mais de R$ 500 milhões, que permitiriam a conclusão em 2020. O agravante é que esses recursos ou chegam a conta-gotas, ou nem chegam, levando muitos canteiros a se encontrarem hoje paralisados.
Boa parte do reduzido montante de verbas liberadas nesse ano servirá apenas para cobrir reajustes contratuais – e, em setembro, haverá novas majorações. O baixo ritmo nos canteiros de obras fez com que até mesmo o percentual de execução tenha diminuído, tornando a situação ainda mais preocupante. É inadmissível que um poder público centralizado não consiga se convencer do significado desse empreendimento para os gaúchos. E, ao mesmo tempo, que possa ter colocado em prática um projeto dessas dimensões sem ter definido um prazo claro para a sua conclusão.
Mobilizações como as organizadas agora por líderes da Região Sul são fundamentais, pois chamam a atenção para o aspecto inadiável da duplicação da rodovia, mas é preciso mais. Só a união permanente em torno desse objetivo poderá garantir a vontade política necessária para a liberação de verbas num volume adequado e no momento certo. E só assim os canteiros de obras poderão manter um ritmo adequado, evitando onerações desnecessárias. Essa mobilização precisa ser mantida no Estado, mas também em Brasília, de onde precisam sair os recursos.