Na teoria econômica existe a figura caricata do “planejador social benevolente”. Trata-se do personagem de um ditador onisciente e onipresente que busca melhorar a situação de todos em uma economia através de interferências no mercado. Dito de outra forma, seria um indivíduo que define preços e quantidades de produtos para buscar o melhor resultado para todo mundo.
Mas, os mercados agindo livremente, com suas forças de oferta e demanda, conseguem o melhor benefício agregado possível, sem esse planejador benevolente intervir. Esse benefício é traduzido pela ideia de eficiência econômica, que indica os maiores níveis de bem-estar agregado dadas as condições do mercado.
No entanto, eficiência nada diz sobre equidade. É possível que o bem-estar esteja mais concentrado nos vendedores do que nos compradores, por exemplo. Então, um dos clássicos dilemas da economia é justamente como equilibrar eficiência econômica com equidade, ou seja, gerar bem-estar de modo equilibrado.
Pois é aí que o governo assume um pouco esse papel de planejador, alterando as condições do mercado no intuito de interferir no balanço entre eficiência e equidade. As ferramentas vão desde a matriz tributária até leis específicas para regular mercados. Às vezes, ele interfere mais, às vezes, menos.
Acontece que o governo age nas condições de mercado, nas suas estruturas. Ele não toma o papel dos agentes econômicos ou altera sua essência. E hoje me parece que uma tremenda confusão campeia por aí. Tenho ouvido empresários se erguerem para falar que “seu principal interesse não é o retorno ao investimento, mas sim desenvolver a região e gerar emprego”. Pois bem, está errado!
É o mesmo que um consumidor dizer “eu nem queria esse produto, só comprei para ajudar o vendedor”. Não faz sentido! A dinâmica de livre mercado, com auxílio de um governo que busca corrigir falhas e melhorar a distribuição de benefícios entre as partes, necessita que cada um execute seu papel da melhor maneira possível.
A atividade do empresário é investir e obter retorno, isso é o seu sustento, sua vocação. Do mesmo modo que o trabalhador quer um bom salário e o consumidor o melhor produto. Se todos derem seu melhor, maior a geração de bem-estar social. Qualquer tentativa de distorcer o seu próprio papel fundamental é um equívoco. Ou demagogia.