O meu histórico de experiências ruins com serviços em Porto Alegre é lamentavelmente grande. São acontecimentos que vão desde restaurante onde qualquer bebida estava em falta na hora do almoço até padaria que não tinha pão no café da manhã, passando pelos incontáveis pedidos de teleentrega que chegam errados ou atrasados. Logicamente que não é sempre assim, e existem muitos lugares e prestadores de serviço de alto nível. Mas, na média, o serviço por aqui me parece bem ruim.
Dia desses almocei em um lugar onde vou com frequência para comer “a la minuta”. Na ocasião, a carne estava muito dura. Disse ao gerente do lugar que a carne não estava como costuma ser, que eles ficassem atentos ao fornecedor ou seja lá o que for que estivesse acontecendo. A resposta que recebi foi um nada simpático “ninguém mais está reclamando”. Na saída, a pessoa que me acompanhava falou “não adianta reclamar, a maior punição para estes negócios é não vir mais”.
De fato, muita gente deve deixar de ir a esses lugares. Mas, outras vão; e depois aquelas mesmas voltam. Eu vou voltar ao lugar do “a la minuta”, com certeza. Onde mais eu comeria aquele prato, ainda que eu tenha sido mal atendido? Pois a falta de concorrência, ou seja, de um bom número de opções dentre as quais escolher nos obriga a isso. A falta de competição incentiva a criação de hábitos nefastos no comércio, como a falta de atenção básica ao cliente ou aos próprios elementos centrais do negócio.
Mas, mais do que isso, parece que não temos, de modo amplamente sedimentado, a tradição do bom atendimento como princípio, como valor que independe da manutenção do cliente. E parte da culpa disso é nossa, enquanto consumidores. Nós não exigimos o suficiente. Como diz a música dos Engenheiros do Hawaii “a gente se acostuma a muito pouco/ a gente fica achando que é o máximo / liberdade pra escolher a cor da embalagem”. Nós deixamos para lá e não voltamos mais... até a próxima oportunidade.
Eu quero voltar a comer meu “a la minuta” delicioso. Mas, para ele estar bom o gerente precisa ter me ouvido e notado que eu não sou inimigo dele. Se falei, foi porque me interesso pelo serviço que ele presta. É quase um dever de cidadania exigir bons serviços, pois eles são vitais ao bom funcionamento da sociedade.