Com o tema "Fraternidade e a superação da violência", a Igreja do Brasil abre, nesta Quarta-Feira de Cinzas, a tradicional Campanha da Fraternidade, que transcorre no período quaresmal, há mais de 50 anos. Não podia ser um assunto mais relevante. A violência está cada vez mais crescente e em índices mais alarmantes. O lema escolhido pela CNBB — "Vós sois todos irmãos" (Mt 23, 8) —propõe uma grande família humana. Proclama que a violência é um mal inaceitável e não é digna do ser humano, nascido para amar e conviver.
Não se trata de somente reforçar as políticas de segurança e policiamento
GERSON SCHMIDT
PADRE E JORNALISTA
A violência está em toda parte, no abuso de poder, no descarte da pessoa, na agressão à mulher e aos menores, na degradação da família, na ganância, nos roubos e na corrupção, na violência de todo tipo, por palavras e atitudes abusivas. O número exorbitante de homicídios no Brasil, no ano passado, supera a quantidade de pessoas que foram mortas em todos os ataques terroristas no mundo. A violência é um filme de terror que se repete há décadas e que escancara a nossa irracionalidade social. As causas são profundas, e as consequências, drásticas, impetrando uma atmosfera de insegurança, medo e até de pânico.
Nossa região gaúcha já deixou de ser um lugar tranquilo, há muito tempo. Não se trata de somente reforçar as políticas de segurança e policiamento. A matriz está morta, o núcleo familiar está diluído. Não se constrói com amor a educação infantil, a fase da formação do caráter, da ética e da personalidade individual. Relega-se à criança e ao jovem, socialmente vulnerável, um processo de crescimento pessoal sem a orientação de uma família estruturada e uma escola adequada. Quando o mesmo se rebela e se revolta, faltam razões para um discernimento pelo bem, sobrando motivos em favor de uma trajetória de delinquência e crime, moldado pelo meio perverso e corrompido em que vive.
Para onde caminha o ser humano? Onde vamos parar, se continuar assim? Existe a violência, escândalo e tanto mal... Onde é que estão nossos ideais de um mundo novo, unido e fraterno? Perguntas sem respostas imediatas. Mas, como diz o Papa, não deixemos que nos roubem a esperança. Hoje o sol do bem pode despontar em nós!