Quando a Assembleia aprovou a necessidade de um plebiscito para que os gaúchos decidissem sobre privatizar o patrimônio do Estado, foi justamente para proteger a sociedade de governos entreguistas e para que houvesse um amplo debate a respeito.
Nos últimos dias de janeiro, Sartori tentou constranger a Assembleia para votar uma PEC que tira esse direito dos gaúchos.
Não conseguiu, mas não vai desistir.
E votar a PEC sem debatê-la revela o fato de que o governador busca esconder da opinião pública que na sua proposta de regime de recuperação fiscal (RRF), amarrada com Temer, enquanto ficar sem pagar as prestações – por seis anos –, a dívida seguirá aumentando.
A cereja do bolo da negociação entre Sartori e Temer é que o RS será obrigado a vender seu patrimônio.
Ao invés de economizar mais de R$ 11 bilhões, como afirma a propaganda do governo, a dívida aumentará em mais de R$ 30 bilhões.
Entre as exigências de Temer para a negociação com os Estados, está o congelamento de concursos públicos para repor o déficit de servidores, permitindo apenas a reposição de vacâncias e aposentadorias.
O efetivo da Brigada Militar seria congelado por 20 anos no nível atual – 15,8 mil brigadianos, sendo que esse é o menor efetivo da história da corporação.
A mesma imposição se aplica a outros setores, como magistério e saúde.
A cereja do bolo da negociação entre Sartori e Temer é que o RS será obrigado a vender seu patrimônio.
Estatais de grande importância para o desenvolvimento do Estado, como CEEE, Sulgás, CRM e Banrisul teriam que ir ao sacrifício em nome de um plano sem nenhuma perspectiva de futuro.
Ao propor esse RRF como único caminho, Sartori demonstra que não é capaz de defender os interesses do RS diante das exigências da União.
Ele deveria combater a sonegação de ICMS, que deixa bilhões nas mãos de alguns poucos, e também poderia rever sua política de isenção de impostos.
Essas, sim, são alternativas.
O que falta a Sartori é um projeto que coloque o esforço pelo desenvolvimento no centro da sua prioridade, e não a destruição do Estado.
Sem um Estado forte necessário ao desenvolvimento e que garanta os direitos da população, não é possível superar a crise.