São vários os sinais de que as principais forças políticas do Brasil convergem no desejo de impedir que atos de violência atrapalhem o julgamento do ex-presidente Lula, dia 24, em Porto Alegre.
Nos últimos dias, o presidente do Tribunal Regional da 4ª Região, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, tem recebido representes do Estado, da prefeitura e de partidos políticos de diferentes matizes ideológicas. Essa interlocução é fundamental e vem sendo exercida de forma transparente e eficaz. Uma Justiça de portas abertas e disposta a ouvir a todos representa um avanço do qual não podemos recuar.
Cabe ressaltar que o presidente da Corte não participa do julgamento. Ele é, justamente, o ponto de contato e de referência na garantia de independência da Justiça. Ao conversar com os segmentos interessados na normalidade desse processo, cumpre com o seu papel de forma exemplar.
A reunião com deputados do PT é mais um desses bons indicativos. Mostra que importantes setores do partido do ex-presidente estão dispostos cumprir o inegociável ritual da normalidade democrática. O compromisso com as instituições não é favor. É dever dos que se apresentam à vida pública. Um compromisso de longo prazo, que transcende aos interesses de indivíduos ou de segmentos da sociedade.
Também a suspensão das férias dos policiais militares gaúchos durante o julgamento é uma notícia positiva. Mobilizar as forças de segurança no grau necessário não é, como tentam distorcer alguns, ameaça à liberdade de manifestação. Ao contrário. A presença efetiva do Estado é garantia para aqueles que desejam exercer o direito à livre expressão, sempre balizado pela civilidade, pelo respeito à Justiça e à divergência democrática.
Nesse contexto, cabe destacar o trabalho da Secretaria de Segurança do Estado, que começou cedo a angariar recursos materiais e humanos. Mesmo os eventuais desacertos puderam ser corrigidos em tempo de, quando se aproxima a data do julgamento, transmitir à sociedade uma sensação de serenidade e eficiência.
Os olhos do mundo estarão voltados para Porto Alegre antes depois da proclamação do resultado do julgamento de Lula. É fundamental que sejam repelidas, de forma rápida e contumaz, quaisquer tentativas de tumulto ou intimidação, seja contra quem for. Planejar, concentrar esforços e conversar são os melhores meios para cortar, pela raiz, qualquer intenção avessa aos reais interesses da esmagadora maioria do país.