O "tudo vale" da política do país a torna assunto incômodo, embora muito importante. Se deixamos de lado o "nem quero saber...", conversando, logo percebemos que concordamos em poucas coisas. Diferenças ideológicas, por um lado, salutares por fomentarem a discussão política, mas, por outro, que regulam o seu tom ao alto índice de desemprego, aos problemas na educação, na segurança e na saúde públicas, em suma, tais diferenças cada vez mais têm desembocado em disputas pautadas por discursos de ódio. Neste cenário, é possível vislumbrar um consenso mínimo sobre o que nós esperamos para o ano 2018, ano eleitoral?
A corrupção é um mal humano, só elegemos humanos e eles estão suscetíveis a se corromperem. Óbvio. Mas, com a Operação Lava-Jato toda a corrupção, antes escamoteada, está escancarada como sistêmica e o contraste entre os milhões espúrios e os milhões de sem – sem educação, sem segurança e sem saúde públicas – nos faz oscilar entre a sensação de desamparo, de raiva ou até um certo rancor em alguns, e de indignação silenciosa, conformada. Contudo, percebamos também que no silêncio coletivo – este da maioria das pessoas e que acaba por se refletir no silêncio das organizações da sociedade civil diante do momento do país – cresce represado um sentimento anticorrupção e, por parte da população e das instituições em geral, há um avanço gradual, mas irrevogável, de conscientização sobre a corrupção como chaga no Estado brasileiro. Eis o que nos envolve em um consenso suprapartidário.
Muitos dos atuais "políticos profissionais" têm transformado a política em "atividade sob suspeita"; e quanto mais descarada a "suspeita", mais continua a crescer o anseio de expurgá-los do poder que eles tornaram uma "meta", um fim em si mesmo. Em sua vagueza e meio estropiado, este sentimento paira no ar, espera um novo cenário, novos atores com preparo. Acima de tudo, precisamos um reencontro da política com sua finalidade de busca do bem comum, não apenas de candidatos que se autoproclamem arautos da moralidade por terem ficha limpa. Não. Isto é o mínimo que lhes cabe.