Já se tornou corriqueiro vermos nas redes sociais casos de famílias que se sentiram excluídas por não conseguirem entrar em algum tipo de estabelecimento ou evento com seus filhos pequenos. Conhecido hoje popularmente pelo movimento ChildFree (livre de crianças), o ato gera bastante polêmica e revolta pais e responsáveis que acreditam estar sendo discriminados pelos locais com essa atitude. Mas até onde esse ato pode ser considerado como discriminação ou uma simples escolha dos estabelecimentos?
Para os brasileiros talvez o tema seja tão criticado e polêmico por não haver o costume de não levar crianças a todos os lugares.
O movimento livre de crianças existe desde 1980 nos Estados Unidos e no Canadá. Seu objetivo inicial era levantar a bandeira de que homens e mulheres não são obrigados a ter filhos. No entanto, hoje essa ideia tem se estendido para defender a restrição da presença de crianças em ambientes privados. Muitas mães questionam a ação, pois para elas o ChildFree restringe a presença da própria mulher no momento em que a proibição do acesso de crianças, principalmente as que necessitam da presença das mães a todo o tempo, restingue a circulação das mulheres na sociedade.
Não há uma lei especifica que proíba um estabelecimento de fazer essa escolha, o que Estatuto da Criança e do Adolescente determina é que não haja discriminação, o que neste caso trata-se apenas de uma restrição. Mesmo não sendo tão comum no Brasil, esse tipo de restrição é aceito em muitos países. Para os brasileiros talvez o tema seja tão criticado e polêmico por não haver o costume de não levar crianças a todos os lugares.
Entretanto, qualquer ambiente privado tem o direito de estabelecer suas regras, sendo elas avisadas previamente. A questão por trás disso é que, ao fazer essa escolha, o proprietário terá um público segmentado, além de ter que arcar com as consequências disso. A população precisa se conscientizar de que essa responsabilidade não é do Estado, meios governamentais não têm poder para interferir. O dono do estabelecimento é quem estipula as regras de funcionamento, como horários, escolhas sobre os dias de trabalho e até mesmo o público que frequentará o seu negócio, desde que não interfira em nenhuma lei.
Tudo é questão de escolha e devemos estar cientes das consequências que elas geram, podendo ser positivas ou não para o estabelecimento. Há lugares que aceitam pessoas vestindo bermudas, mas não aceitam sem camisa, assim como há casais que tem filhos pequenos e querem ir a um local que não aceita crianças. Isso não faz a pessoa, o local ou o evento ter algum tipo de preconceito ou não gostar de determinado público, é apenas uma opção de direito do empresário.
No Brasil e no mundo, cada vez mais se fortalece essa tendência de separação por nichos, está mais comum encontrarmos locais com o público alvo bem segmentado. E não há nada de errado nisso, pois assim como a pessoa tem o direito de frequentar um lugar que ofereça aquilo que ela procura, o proprietário também possui a mesma linha de raciocínio para escolher o público do seu negócio, sem afetar moralmente ninguém. Eu posso abrir um restaurante que não aceite homens, é uma coisa "louca", mas eu tenho esse poder de escolha. Apenas vou pagar o preço por ela, eu sou responsável pelas minhas atitudes. É questão de bom senso.