Escrevo neste espaço há dois anos. Lá se vão 52 colunas. Já deixei por aqui análises e opiniões sobre reformas, inflação, desigualdade, sustentabilidade, pobreza, ideologia, entre vários outros temas. Em alguns dos textos, arrisquei abordagens um pouco mais ousadas, como na coluna passada, onde trouxe um conto. Foi um ano muito produtivo, no final das contas. Sou grato por isso.
Acontece que o texto que vai ser publicado no final de semana do Réveillon precisa ser diferente. Ele precisa de um "tchan a mais", certo? Vocês possivelmente esperam que eu ofereça uma retrospectiva, ou uma projeção, ou uma análise sobre determinada política econômica. Afinal, é o último texto do ano! Mas, não. Eu decidi não trazer nada disso, hoje.
Uma avalanche de acontecimentos inundou o nosso cotidiano ao longo de 2017, particularmente na política e na economia. E a velocidade da comunicação, associada à presença instantânea e constante das redes sociais, tratou de nos deixar atualizados sobre tudo isso. Lemos, assistimos vídeos, ouvimos podcasts, discutimos no Twitter e no Facebook. Hoje, consumimos mais informação do que em qualquer outra época da civilização.
Isso é bom, claro. Ainda que o Brasil viva um momento de polarização quase infantil no debate político e econômico, e que fake news insistam em proliferar como erva daninha, informação é elemento central para nutrir democracia e cidadania em uma nação. Muito do que se conquistou na sociedade moderna está baseado na transmissão de informação.
Mas, neste final de semana, não te ofereço nenhum fato concreto ou opinião sobre um assunto polêmico, nem um balanço de acertos e erros do governo. Te ofereço um papel em branco. E não é para você escrever a famigerada carta de intenções de ano novo, não. É para você organizar toda essa informação e, assim, também organizar suas ideias. Nenhum analista ou colunista pode fazer isso por você. Inspire profundamente: tem que ser você e o papel!
O ano de 2018 será intenso: eleições, Copa do Mundo, votação de reformas, expectativa de recuperação econômica. Nós continuaremos aqui, informando e opinando sobre todos esses temas. Mas, você não pode abandonar o seu pedaço de papel, onde as suas análises e opiniões devem ser construídas com base nas suas interpretações e crenças. Desejo que te debruces sobre este papel e que tenhas um 2018 cheio de saúde, garra e esperança.